SC: desabrigados pedem que animais seja alimentados

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Portal Terra

FLORIANÓPOLIS - Depois de perder casas e terrenos com enchentes e deslizamentos de terra e serem obrigados a deixar a região do Morro do Baú, em Ilhota (SC), os moradores locais pedem que os militares alimentem os animais que permaneceram nas propriedades.

A agricultora Irma Bayer, 48 anos, pede que as autoridades permitam que alguém leve comida para seus cães, gatos e gansos que permanecem há oito dias sem alimentos na região do Baú.

Ela conta que tinha algumas galinhas que morreram soterradas durante um deslizamento na noite de domingo e chora ao lembrar de três gansos e quatro cães que ficaram em seu terreno.

- Os meus bichinhos já devem ter morrido de fome. Só queria que alguém jogasse ração para eles, estão sozinhos e muito assustados no Baú - disse. - A gente trata com tanto carinho e deixar morrer assim é muito triste.

O quintal da casa de Irma acabou atingido por pedras e lama no dia 23 de novembro. No dia seguinte, ela e a família foram levados para um abrigo. A agricultora não perde a esperança de reencontrar seus animais ao voltar para casa e ainda arrumou um novo companheiro: um cão que apareceu no abrigo onde permanecem 100 pessoas da região do Baú.

Com poucos dias de vida, o animal é mantido a salvo num espaço providenciado nos fundos da escola, apesar dos protestos de alguns desabrigados.

- Dei o nome de Barrão, por tudo o que aconteceu aqui. Pretendo levar para casa, quando voltar - afirma. - A vida no abrigo é boa. Nós temos tudo por aqui, não precisamos de mais nada. Eu só queria muito que os militares cuidassem dos meus bichinhos de estimação. Estão há nove dias sem comer e eu gosto tanto deles.

Os irmãos Geraldo, 74 anos, e Elias Bressanini, 77 anos, vivem um drama semelhante à família Bayer. Eles deixaram o Alto Baú há cinco dias, a muito contragosto, pois afirmam que ficaram com medo de ir para a cadeia. As vacas e cães permaneceram no local.

Os irmãos estão hospedados na casa de Erendina Kreutch, localizada no centro de Ilhota. A agricultora se desespera ao lembrar dos animais que ficaram num sítio do Baú.

- Não fui eu que abandonei os meus bichos para morrer de fome lá - justifica. - Não me deixam pegar de volta. Estou triste pois eles vão pensar que eu os deixei lá.