PT enfrenta "saia justa" para decidir sobre situação de Sarney
Marina Mello, Portal Terra
BRASÍLIA - Os três senadores petistas que integram o Conselho de Ética enfrentam uma situação complicada já que, na próxima quinta-feira, os votos deles decidirão se os processos contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), serão levados adiante ou engavetados de vez. A "saia justa" vivida por Delcídio Amaral (PT-MS), Ideli Salvatti (PT-SC) e João Pedro (PT-AM) se dá porque, se votarem para que pelo menos uma das 11 representações vá adiante, terão de enfrentar a insatisfação do PMDB.
Por outro lado, se o voto deles for pelo arquivamento, as representações serão realmente arquivadas o que provocará a ira de senadores de oposição.
Para a ação ser desarquivada no colegiado, é preciso de pelo menos oito votos dos integrantes do conselho. Como a oposição conta com cinco representantes, e todo o restante dos parlamentares do Conselho são da base de apoio a Sarney, apenas com os três votos do PT as investigações contra o presidente da Casa poderão ser levadas adiante.
Enquanto o líder do PT Aloísio Mercadante (SP) afirma que pelo menos uma representação - sobre atos secretos - deve ser desarquivada, nos bastidores circula a informação de que seria extremamente incômodo para os petistas serem os responsáveis pelo desarquivamento de uma ação contra Sarney.
O senador Delcídio Amaral explicou que ainda não tomou sua decisão e que só fará isso após uma reunião da bancada do PT na próxima terça-feira. Segundo ele, o partido conta com um parecer jurídico sobre cada representação e a ideia é que se tome uma decisão conjunta, ou seja, o voto dos três senadores será o mesmo.
"Ficamos de conversar e queremos adotar uma postura igual. Os três devem adotar a mesma posição e vamos procurar trabalhar isso dentro do PT e de toda a bancada, vamos procurar uma postura conjunta", disse o senador.
Embora evite falar do assunto, a senadora Ideli Salvatti já sinalizou diversas vezes que Sarney não deve ser punido por irregularidades históricas do Senado e que não podem ser atribuídas somente à sua gestão.
O senador João Pedro não foi encontrado para comentar o assunto, mas tem também tem evitado dar qualquer declaração sobre a posição do PT.