PF: armas entram no Brasil por 17 pontos na fronteira

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Portal Terra

RIO - A Polícia Federal (PF) identificou 17 pontos pelos quais armas ilegais entram no Brasil, inclusive aquelas utilizadas por criminosos, como metralhadoras antiaéreas - capazes de derrubar um helicóptero. O armamento percorreria 2,5 mil km em rodovias no país, desde a fronteira até as favelas do Rio de Janeiro. Os principais pontos de entrada seriam a partir da Bolívia e do Paraguai, mas também envolveria Peru, Argentina e Uruguai. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

As rotas do tráfico de armas teriam passado a ser as mesmas do tráfico de drogas nos últimos anos. Segundo o jornal, entre elas, as mais conhecidas são a cidade de Corumbá (MS), com entrada de barco pela Bolívia; Foz do Iguaçu e Guaíra (PR), entrando pelo Paraguai; Rondônia, pela Bolívia.

A reportagem afirma também que dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) indicam que, de janeiro de 2007 a agosto deste ano, 754 fuzis, metralhadoras e submetralhadoras, entre elas 39 antiaéreas, foram apreendidas pela polícia do Rio de Janeiro. Esse armamento pesado representaria 3% das apreendidas no Rio. Desde 2000, foram apreendidas 3,5 mil armas.

Ainda de acordo com o jornal, as armas pesadas começaram a chegar no Rio de Janeiro na década de 80, com a venda de cocaína nos morros. Em 1995, a polícia começou a comprar fuzis e, nos últimos dois anos, gastou R$ 27,5 milhões na compra de armas, aeronaves e cabines blindadas.

A Folha afirma que as armas chegam em carros de passeio, caminhonetes e ônibus de linhas regulares. A pessoa que conduz a carga levaria até 10 armas, que ficariam escondidas em compartimentos do veículo.

Segundo a reportagem, um grampo da Polícia Civil mostra Antônio Gonçalves, o Toni, negociando a compra de 10 fuzis e 10 pistolas a US$ 86 mil (R$ 147 mil) de um homem na Bolívia. O armamento seria entregue à facção criminosa fluminense Comando Vermelho por cerca de R$ 500 mil. O suposto traficante de drogas ainda teria revendido aos criminosos uma metralhadora .30 por R$ 60 mil.

A rota de Toni passaria pelas cidades de Corumbá (MS), Campo Grande (MS), Caldas Novas (GO) e Uberlândia (MG), até chegar ao Rio de Janeiro - percorrendo 2,5 mil km até o complexo de favelas do Alemão, na zona norte da cidade.

- Temos 16 mil km de fronteira seca. A questão geográfica é um complicador. O tráfico de armas é 'formiguinha', aos poucos - disse ao jornal Rafael Floriani, delegado da Divisão de Repressão ao Tráfico de Armas da Polícia Federal.

Ainda de acordo com a reportagem, policiais e pesquisadores indicam que traficantes se armam principalmente para se defender de ataques de facções rivais. O armamento seria trocado entre chefes do tráfico e quem perder um fuzil pode ser morto. O Complexo do Alemão, reduto do Comando Vermelho, contaria hoje com 60 fuzis.