Diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa: Não há mais impunidade no país

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Vasconcelo Quadros , Jornal do Brasil

BRASÍLIA - O diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, diz que o resultado da Operação Caixa de Pandora é um alerta para quem se utiliza da política para enriquecer. O delegado lembra que a prisão do governador José Roberto Arruda é resultado do aperfeiçoamento e do fortalecimento das instituições de combate à corrupção que, segundo ele, estão unidas para reprimir os desvios de dinheiro público e desmantelar as quadrilhas infiltradas no governo federal.

Não há mais impunidade no país diz Corrêa, para quem as investigações sobre o mensalão do DEM devem funcionar como um recado para a classe política.

O que aconteceu é bom para a democracia. Quando o Estado demonstra capacidade de agir, leva um alento para o cidadão. É bom que isso tenha ocorrido num ano eleitoral porque o cidadão vai prestar mais atenção afirma o diretor da PF.

Dirigido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o inquérito que apura o esquema de corrupção no Distrito Federal, é uma das primeiras iniciativas a unir a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal numa investigação contra poderosos. Elogiado por ministros do STJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), o trabalho de policiais e procuradores acabou fortalecendo a tese de Corrêa na construção de uma Polícia Federal mais eficiente na busca de provas contra os criminosos.

Não há o que resista uma prova forte diz o delegado. Ao assumir a PF, em 2007, substituindo o ex-diretor, Paulo Lacerda que inaugurou a era de repressão aos criminosos de colarinho branco Corrêa mudou radicalmente a estratégia da polícia. Em vez de grandes operações centralizadas em Brasília, deu autonomia à superintendências, que passaram a comandar as investigações.

Corrêa também reduziu os pedidos de prisão temporária e orientou os policiais a optarem pela preventivas, que normalmente são concedidas pela justiça quando os indícios ou provas são mais fortes.

Outra marca de sua gestão é o fim da espetacularização das prisões, reduzindo drasticamente a exposição das pessoas presas, sejam elas políticos ou criminosos comuns. A última vez que isso ocorreu foi durante a Operação Satiagraha, onde o ex-prefeito Celso Pitta (falecido) foi flagrado de pijamas durante a prisão por cinegrafistas da TV Globo.

Essa foi a herança maldita disse Corrêa, que assumiu a direção da PF quando já estavam em andamento as investigações que resultaram na prisão do banqueiro Daniel Dantas, dono do Grupo Opportunity, preso e solto duas vezes num espaço de 12 horas, entre os dias oito e nove de julho de 2008.

Embora com resultados diferentes, a Satiagraha e o mensalão do DEM guardam uma semelhança. Nos dois casos, os alvos da investigação tentaram subornar testemunhas e foram presos. As provas contra Arruda, no entanto, são mais fortes e ele acabou preso por ordem do STJ. Embora a investigação tenha sido aberta pelo Ministério Público Federal, os dois órgãos se uniram.

A operação demonstra que as duas instituições agiram corretamente. O resultado foi uma denúncia mais qualificada, onde o foco é a qualidade da prova. Esse caso terá um caráter pedagógico diz o delegado, que reforça o caráter de impessoalidade das investigações.

Nós apuramos fatos. Não estamos caçando pessoas afirma o diretor da PF, em cuja gestão a polícia colocou atrás das grades um governador em pleno exercício do cargo. Segundo o delegado, as investigações serão aprofundadas e nenhum contrato entre o governo do GDF e empresas privadas deixará de ser devassado.