Justiça do RS dá liberdade a 4º suspeito de fraude em banco
Portal Terra
PORTO ALEGRE - A Justiça do Rio Grande do Sul concedeu nesta quarta-feira liberdade provisória a Davi Antunes de Oliveira, o quarto suspeito de envolvimento em um suposto esquema de desvio de recurso do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul). Os outros três detidos na semana passada, durante a operação Mercari, da Polícia Federal (PF), receberam o benefício na segunda-feira.
Apontado como operador do esquema, Oliveira foi preso na sexta-feira, com R$ 82 mil em dinheiro. Um dia antes, o superintendente de Marketing do banco, Walney Fehlberg, um representante da agência de publicidade SL&M, Gilson Storke, e um diretor da agência DCS, Armando D'Elia Neto, haviam sido presos pela PF com mais de R$ 3 milhões, em notas de reais, dólares, euros e libras esterlinas.
De acordo com Tribunal de Justiça, a 6ª Vara Criminal considerou, para o relaxamento de prisão dos quatro suspeitos, que os materiais "pertinentes" à investigação já foram apreendidos. A Justiça afirmou ainda que as condições pessoais dos investigados "francamente os favorecem", e que não há indício obstrução da investigação.
Entenda o caso
A investigação começou após uma denúncia feita ao Ministério Público de Contas em outubro de 2009. "Veio à tona porque o único que trabalhava não recebia", afirmou Gasparetto, referindo-se ao profissional da área de marketing que prestou o serviço (para o grupo), mas não recebeu por ele e fez a denúncia no ano passado. Quando surgiram indícios de crimes federais - evasão de divisa e lavagem de dinheiro - a Polícia Federal entrou no caso.
Segundo as investigações, o setor de marketing do banco combinaria valores com empresas de publicidades que participavam de licitações. A instituição escolheria sempre a proposta de menor valor, que já era superfaturado, e todas dividiriam a quantia definida.
De acordo com o superintendente da PF, um dos presos na quinta-feira já havia sido detido há cerca de 60 dias por evasão de divisas no aeroporto de São Paulo carregando dólares. "Foi mais um motivo de que os indícios que nós tínhamos realmente estavam batendo", afirmou Gasparetto, se referindo ao funcionário do banco, que estava em liberdade após obter um habeas-corpus.
Destino do dinheiro
Nas buscas, além de dinheiro, também foram apreendidos documentos e computadores, que serão analisados pela força-tarefa. "O destino desse dinheiro ainda vai ser verificado agora. E caso haja, além da lavagem de dinheiro e de evasão de divisa, a utilização para uma outra maneira, com certeza, vai ser comunicado aos órgãos competentes. Se tiver alguma coisa em relação a campanhas eleitorais, vai ser comunicado ao procurador eleitoral", disse Gasparetto.
Segundo a PF, os três presos em flagrante foram ouvidos pela equipe da Delegacia de Polícia Fazendária. A intenção é verificar se há participação de outras pessoas na fraude.
Como funcionava
Em 1 ano e meio, a quadrilha teria arrecadado R$ 10 milhões. "Os valores pagos teriam uma cobrança em torno de 30% de propina além do valor do serviço", disse o superintendente. Se um trabalho custasse R$ 700 mil, ele acabava saindo por R$ 1 milhão ao banco.