Em Alagoas, recém-saído da prisão, prefeito disputa reeleição contra vice 

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A disputa eleitoral na pequena cidade de Rio Largo, a 25 Km de Maceió, será uma das mais acirradas de Alagoas. De um lado, está o prefeito afastado do cargo Toninho Lins (PSB), recém-saído da prisão e aliado do senador Fernando Collor (PTB) e do deputado estadual João Beltrão (PRTB), acusado de três assassinatos e indiciado pelo desvio de R$ 300 milhões da folha de pagamento da Assembleia Legislativa de Alagoas. Do outro, Fátima Correia (PSD), vice-prefeita e hoje na titularidade do cargo, que conta com o apoio do deputado federal João Lyra (PSD), que carrega uma ação penal por trabalho escravo.

Toninho Lins foi preso em junho acusado de vender um terreno público a uma empresa privada. Na área, está sendo erguido um empreendimento comercial e residencial, com 9 mil lotes, que custam não menos que R$ 20 mil, cada. Por ordem da Justiça, as obras estão embargadas. A negociação fez com que todos os vereadores do município fossem presos, uma vez que a Câmara de Vereadores autorizou a desapropriação.

Segundo o Ministério Público Estadual, Lins desapropriou, por R$ 700 mil, o terreno da Usina Utinga Leão, que está em processo de falência, para a construção de casas aos desabrigados das enchentes de junho de 2010. Como as casas não foram construídas, o prefeito encaminhou novo projeto à Câmara, que autorizou a venda da área pelos mesmos R$ 700 mil, a uma empresa de construção.

De acordo com o MP, o terreno de 252 hectares, avaliado em R$ 21 milhões, tem R$ 50 milhões em dívidas. A suspeita é que este valor tenha sido assumido pela prefeitura. "É o momento mais difícil da minha vida, cheguei a pensar em deixar a vida pública", disse Lins, em entrevista à Gazeta de Alagoas no último domingo, classificando as acusações de político eleitorais. Ele acusa um grupo de ex-auxiliares, que teriam sido nomeados secretários pela vice-prefeita Fátima Correia, de serem os autores das acusações.

Fátima não foi encontrada para rebater as acusações. Nesta segunda-feira, ela foi recebida pelo governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), para pedir ajuda ao governador devido à falta de recursos do executivo local.

"A prefeitura está sem recursos, com a estrutura administrativa precária e com a máquina emperrada em função da crise institucional e das denúncias que estão sendo investigadas pelo Ministério Público. Estamos com problemas sérios nas áreas de saúde, segurança pública e abastecimento de água e precisamos de uma atenção especial do governo em função do momento atípico que vivemos em nossa cidade", destacou a prefeita.

Nesta segunda-feira, a Força Nacional voltou às ruas de Rio Largo. Cumprindo ordens da 17ª Vara de Combate ao Crime Organizado, efetivou a prisão de nove pessoas, todas ligadas à gestão do prefeito afastado. Elas são acusadas de fraudar licitações para a compra de produtos que nunca chegaram à Prefeitura de Rio Largo. Segundo investigações do Ministério Público Estadual, os prejuízos ultrapassam R$ 1 milhão.