Mensalão: Sétima sessão começa com defesas dos donos de corretoras
Advogado de Fischberg afirma que Marcos Valério nem sabia quem ele era
No início da sétima sessão do julgamento da ação penal do mensalão, no Supremo Tribunal Federal, o defensor do réu Breno Fischberg — sócio de Enivaldo Quadrado na corretora Bônus Banval — centrou sua sustentação no fato de que nas 50 mil folhas dos autos “não há nenhuma prova colhida no fogo cruzado do contraditório que possa vincular Breno aos fatos constantes da Ação Penal 470”.
Fischberg e Quadrado (que se defendeu na quinta-feira) foram acusados de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro (11 vezes) por terem promovido, na corretora de sua propriedade, o “branqueamento” das quantias entregues por Marcos Valério aos parlamentares do Partido Progressista (PP), “desvinculando os recursos recebidos pela prática de crime de corrupção passiva da origem criminosa, e organizando-se, de modo estável, em quadrilha, com aqueles réus”.
Não compareceu à sessão plenária do STF desta sexta-feira o ministro Marco Aurélio, que enviou ofício do presidente da Corte, Ayres Britto, comunicando-lhe que tinha um “compromisso acadêmico” em São Paulo, há muito assumido.
A defesa
O advogado Guilherme de Moraes Nostre usou os 60 minutos a que tinha direito para tentar demonstrar — com base em depoimentos contidos nos autos — a “total inocência de Breno Fishberg”, que nunca teve nenhum vínculo político com nenhum dos que seriam os integrantes da “organização criminosa”. Ele contou que o seu cliente sofreu com a demora da ação penal nestes sete anos, durante os quais “tentou provar a sua inocência”, tendo a sua vida profissional “aniquilada”, e a sua vida pessoal “prejudicada pela mácula de ser mensaleiro”. Considerou a peça final da acusação relativa ao seu cliente “uma lamentável soma de equívocos”.
O advogado Moraes Nostre afirmou que a acusação “sofre de fragmentação lógica”, comparando a denúncia inicial, recebida pelo STF há cinco anos, com as alegações finais do procurador-geral da República. “Os fatos agora imputados são diferentes dos da denúncia”, asseverou.
O advogado ressaltou o fato de que num de seus depoimentos iniciais, o réu Marcos Valério — que foi acusado como o principal operador do esquema do mensalão — faz a que seria “a única menção” a Breno Fischberg, quando se refere “aos senhores Enivaldo Quadrado e Breno (sem dizer o sobrenome)” como seus interlocutores na empresa Bônus-Banval. “Não há mais nenhuma menção a ele, nem mais nenhum outro documento sobre esse Breno, a não ser uma afirmação posterior de Valério de que não conhecia Breno Fischberg”, sublinhou o advogado.
Ele acrescentou que “a prova só é idônea se colhida no fogo cruzado do contraditório”, não tendo sido provado “nenhum vínculo entre Breno e os fatos tidos como criminosos”. E que os empregados da Bônus-Banval utilizados para fazer saques da empresa SMP&B, de Marcos Valério, no Banco Rural, e ouvidos na ação penal, não mencionam uma única vez o nome de Breno Fischberg.