Governo reúne bancada da Câmara para não levar susto em votação 

Por Diogo Alcântara

Brasília - Menos de uma semana após o lançamento do plano de privatização de rodovias e ferrovias no valor de R$ 133 bilhões, o governo já mobiliza a base aliada para não levar sustos durante a tramitação da medida provisória (MP) que cria a Empresa de Planejamento de Logística (EPL). Nesta manhã, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reuniu líderes da base aliada, o presidente da EPL, Bernardo Figueiredo e o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. A MP vence no dia 13 de dezembro.

"Serão realizadas agora reuniões para tirar dúvidas regionais. Nesta tarde, já nos reuniremos com (líderes da bancada do) Nordeste, na semana que vem com a região Sul", disse a ministra. No encontro de hoje, segundo relatos da própria Ideli, "já começaram os pedidos" de investimentos nas bases eleitorais dos parlamentares.

Por meio de sua conta no Twitter, por exemplo, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) se mostrou otimista com a duplicação da BR-304 no seu estado. "Expectativa boa! Dr Bernardo acaba de me responder e admitir projeto duplicação BR 304, Natal/ Mossoró! Via concessão ou até incluir PAC!!!", comemorou, por meio da rede social.

O encontro desta terça-feira faz parte da estratégia do Planalto para garantir aprovação de temas de interesse do governo na Câmara dos Deputados, às vésperas das eleições municipais. Uma força-tarefa com os líderes da base aliada no Senado Federal para aprovação de matérias prioritárias que tramitam na casa está prevista para os próximos dias.

Outra matéria que está na mira do governo para que seja aprovada o quanto antes é a medida provisória que trata da renegociação de produtores rurais prejudicados pela seca. A MP perde a validade no dia 5 de setembro e se não for aprovada, perde a validade prejudicando cerca de 150 mil agricultores.

"Foi tudo ajustado para iniciarmos a votação ainda hoje", explicou a ministra.

10% do PIB para a educação

A última proposta que está para ir a votação na Câmara, mas que o governo não quer aprovação é a que obrigatoriedade de investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB ¿ a soma de todas as riquezas produzidas no País) no Plano Nacional de Educação (PNE). Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se aprovado, o volume de recursos "quebraria o País". O governo aceita um percentual fixo desde que os parlamentares apontem uma origem dos recursos.

"Queremos debater em plenário o PNE. (...) Não para debater 7, 8, 9, 10% (do PIB para o plano), mas de onde virão esses recursos", disse a ministra. "Poderíamos chegar a 10%, mas tem de ter a fonte, né?", explicou Ideli.