CPI tenta obter conteúdo da delação premiada de Paulo Roberto Costa
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista que investiga irregularidades na Petrobras vai pedir, nesta terça-feira (23), ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para ter acesso ao conteúdo da delação premiada do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.
O presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), informou que convidou todos os integrantes da comissão. O compromisso está mantido para as 18h, apesar de Lewandowski ter assumido interinamente a Presidência da República, nesta terça-feira, por dois dias.
O encontro acontecerá um dia após o juiz a 13ª Vara Federal, Sérgio Moro, ter negado aos parlamentares a documentação, alegando que ainda é necessária a homologação do Judiciário. Na delação premiada feita com Polícia Federal e Ministério Público, Paulo Roberto Costa tem detalhado o esquema de corrupção dentro da Petrobras por meio de empresas do doleiro Alberto Youssef. Ambos estão presos.
Insistência
O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN) disse, nesta manhã, que o acesso à delação é imprescindível para o trabalho da comissão. "Nós vamos insistir. O caminho é obter o compartilhamento dos dados. A partir daí, a CPI, como a Polícia Federal ou como o Ministério Público, que têm poderes assemelhados, vai poder queimar etapas e chegar a conclusões", afirmou.
Ele disse também que confia no empenho do presidente Vital do Rêgo. "Se nos for negado o compartilhamento, vamos procurar, por consenso, encontrar um caminho que leve à constatação dos fatos. A CPI tem o presidente, que está se comportando muito bem; tem o relator, com muitas responsabilidades. Tudo vai ter que ser feito de comum acordo com todos os integrantes. Acredito que o presidente vai cumprir sua obrigação de perseguir o objetivo de abrir caminhos para que a CPI cumpra seu papel", disse.
Também deve participar do encontro o ministro Teori Zavascki, relator da ação judicial resultante da Operação Lava Jato, que desarticulou o esquema de corrupção e desvio de dinheiro público do qual Paulo Roberto Costa é acusado de participar juntamente com o doleiro Alberto Youssef. Na semana passada, Paulo Roberto se recusou a responder às perguntas dos integrantes da CPI Mista, alegando justamente que poderia perder os benefícios da delação premiada.
Cerveró
Nesta segunda-feira (22), a CPI Mista recebeu pedido para nova convocação do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Ele já esteve três vezes no Congresso Nacional, quando negou irregularidade na compra da refinaria de Pasadena (EUA), negócio que, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), deu prejuízo de US$ 792 milhões à petrolífera brasileira.
Desta vez, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) alega que é importante reconvocá-lo após o jornal Folha de S. Paulo ter publicado reportagem afirmando que Paulo Roberto admitiu ao Ministério Público e à Polícia Federal ter ganho R$ 1,5 milhão de propina nas negociações de Pasadena. Além disso, ele teria incluído no esquema de corrupção mais duas diretorias: a Internacional, sob o comando de Cerveró; e de Serviços e Engenharia, sob a chefia de Renato Duque.
Agência Senado