PT quer fortalecer diálogo com Dilma em segundo mandato
Líder do partido no Senado diz que precisa "lubrificar um pouco mais" a relação
Integrantes da Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores concordaram, em reunião nesta segunda-feira, com a necessidade de ampliar o diálogo com a presidente Dilma Rousseff no segundo mandato. A petista será convidada para participar de uma reunião do diretório nacional do partido, no fim do mês, em Fortaleza.
No primeiro mandato, Dilma chegou a ser criticada pelo próprio partido e pela base aliada pela falta de comunicação na articulação política. Em julho do ano passado, ela desistiu de participar de uma reunião do diretório nacional.
“Quando a gente fala do diálogo, é o diálogo com a sociedade, o diálogo com o parlamento e com o próprio partido, embora tenha melhorado bastante”, disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). “Precisa aprimorar, lubrificar um pouco mais”, acrescentou.
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que foi defendido, na reunião, uma relação mais estreita entre o partido e a presidente. "Discutimos que seria interessante do ponto de vista da política, as discussões do partido como suporte, que o partido tivesse essa relação mais estreita com a presidente Dilma", disse.
O ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, reconheceu, na reunião da Executiva, que o ano de 2015 será mais difícil para a presidente Dilma com a nova composição do Congresso, com maior número de partidos. Isso obrigará a uma maior negociação por parte do Palácio do Planalto.
“Vai ser um momento mais difícil, porque a composição do Congresso Nacional mudou, você tem uma ampliação do número de partidos lá representados, vai obrigar a uma mudança mais complexa ainda”, relatou o senador Humberto Costa.
Os petistas saíram convencidos da reunião desta segunda-feira, em Brasília, de que a vitória de Dilma nas urnas foi fortalecida pela atuação da militância do partido, dos movimentos sociais e de até outras legendas de esquerda. A legenda conclamou os filiados para defender o governo e fazer uma grande mobilização na data da posse, dia 1º de janeiro.
“Tivemos uma vitória significativa, que teve a participação do PT, mas também de vários movimentos sociais, das juventudes, mulheres, negros, de partidos de esquerda que embora não apoiando todas as nossas medidas, mas entenderam o que estava em jogo, ou avançar ou retroceder na linha da volta do neoliberalismo”, disse o presidente da legenda, Rui Falcão.
Falcão disse que a convite à militância não é uma contraposição aos recentes protestos que pediram o impeachment de Dilma e falaram até em intervenção militar, mas deixou clara a intenção do partido em fortalecer as pautas de esquerda.
“São manifestações minoritárias, lamento que elas ocorram. temos uma democracia consolidada no país, que precisa ser consolidada com a reforma política, mas acho que a memória que se tem da ditadura nenhum de nós quer trazer de volta. acho que elas tem pouca expressão, mas a sociedade tem o direito de se manifestar”, disse.
Presidência da Câmara
Na saída da reunião, o presidente do PT defendeu que o partido, por ter a maior bancada da Câmara, tente eleger um candidato próprio para a presidência da Casa, em oposição à candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“A maior bancada tem o direito de indicar o presidente. Isso vai ser uma decisão da bancada, eu pessoalmente acho que o PT deve indicar o candidato a presidente”, disse.