'O Globo' e 'O Estado de Minas' promovem demissões em massa
No jornal carioca, cerca de 160 trabalhadores perdera, o emprego
A Infoglobo, empresa que administra os meios de comunicação do Grupo Globo, demitiu nesta quinta-feira cerca de 160 pessoas. Dessas, 30 são jornalistas, alguns com larga experiência e vencedores de prêmios importantes. Entre os demitidos estão Fernanda Escóssia, ex-editora de "País"; os colunistas Jorge Luiz (Esporte), Artur Xexéo (Cultura); Agostinho Vieira (Meio Ambiente); e a ex-editora de "Rio", Angelina Nunes.
Estariam também entre os dispensados as repórteres Carla Alencastro, Isabela Bastos, Laura Antunes e Paula Autran, além dos diagramadores Claudio Rocha e Télio Navega.
O Sindicato dos jornalistas do Rio de Janeiro publicou uma nota de repúdio às demissões na Infoglobo. "Hoje é um dia triste para o jornalismo brasileiro. Otimização, revisão de processos, reestruturação. Eufemismos corporativos foram usados pela Infoglobo para justificar demissões em série de jornalistas de ‘O Globo’", disse o sindicato, reproduzindo ainda a resposta do jornal.
"Ao Sindicato, a empresa negou que esteja em crise e tratou as demissões como uma ‘medida de otimização após a revisão dos processos da empresa’. Essa revisão, ainda segundo a Infoglobo, ‘constatou que haviam diferentes unidades produzindo o mesmo tipo de trabalho’ e a necessidade de ‘um modelo de convergência’", afirmou o Sindicato.
A entidade afirma que tem uma reunião marcada com a empresa "para o início desta semana", e que pretende cobrar explicações. O Sindicato diz que seu setor jurídico analisa possíveis irregularidades cometidas pela empresa durante as demissões.
Demissões também no Estado de Minas
E O Estado de Minas, um dos principais veículos de comunicação de Minas Gerais, também promoveu nesta quarta-feira (7) um corte em seu quadro de funcionários. De acordo com o sindicato dos jornalistas do Estado, 11 jornalistas foram demitidos.
Segundo a entidade, os profissionais desligados tinham grande experiência profissional, sendo que alguns trabalhavam no jornal há décadas. Os cortes atingiram cinco editoriais, que perderam repórteres, editores, fotógrafos e um ilustrador. Uma secretária também foi demitida.
Em nota, o sindicato solidarizou-se com os demitidos e suas famílias e manifestou grande preocupação com os cortes, que "enfraquecem" o jornalismo mineiro".
A preocupação do Sindicato não se limita à perda do emprego desses jornalistas e fechamento de postos de trabalho, mas também pelas circunstâncias recentes que cercam a decisão da empresa. No final de 2014, num ato que teve grande repercussão, o mesmo jornal dispensou o então editor de Cultura João Paulo Cunha, que se recusou a ter seus artigos censurados". A entidade diz entender que o fortalecimento da profissão e da liberdade de imprensa passa pela produção de um jornalismo vigoroso, informativo e democrático, mas, ainda de acordo com ela, o jornal tem realizado "exatamente o oposto".
"A renovação urgente do jornalismo mineiro não pode prescindir de profissionais experientes como estes que acabam de ser dispensados. O Sindicato informa ainda aos dispensados que transmitirá orientações jurídicas a serem tomadas e em relação ao plano de saúde, que também foi motivo de litígio recente dos jornalistas com a empresa".
Kerison Lopes, presidente do sindicato, afirma que as demissões ocorrem em decorrência da crise financeira enfrentada pela publicação, que vai além dos problemas enfrentados pelos veículos impressos em todo o mundo.