CPI do BNDES abre reunião e poderá discutir ida a Curitiba para ouvir Bumlai

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Começou, há pouco, a reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES convocada originalmente para ouvir o depoimento do pecuarista José Carlos Bumlai, que acabou sendo preso nesta manhã em um hotel de Brasília.

O presidente da CPI, deputado Marcos Rotta (PMDB-AM), preferiu manter a reunião para informar oficialmente os demais integrantes da CPI sobre a prisão de Bumlai. Deputados defendem a ida da comissão a Curitiba (PR), onde o empresário está preso, mas a viagem depende da aprovação de requerimento e, regimentalmente, a pauta tem de ser definida 24 horas antes da reunião.

Bumlai foi preso em mais uma fase da Operação Lava Jato, denominada “Passe Livre”. Além da prisão do empresário, policiais federais estiveram na sede do BNDES no Rio de Janeiro, onde obtiveram cópias de contratos. A Polícia Federal conduziu coercitivamente para prestar depoimentos três filhos do pecuarista: Maurício, Cristiane e Guilherme. Bumlai foi acusado por dois delatores da Operação Lava Jato – Fernando Soares, o Baiano, e Salim Schahim, do banco Schahim – de ter recebido propina para mediar negócios com a Petrobras.

A prisão e as diligências foram autorizados pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), onde correm os processos da Operação Lava Jato que não dizem respeito a agentes políticos. O juiz também autorizou busca e apreensão de documentos no frigorífico Bertin (Tindo Holding), assim como a condução coercitiva dos controladores da empresa, Natalino e Silmar Bertin.

As suspeitas são de prática de crimes de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

Navio-sonda

De acordo com a PF, a nova fase da Operação Lava Jato tem como foco a investigação sobre contratação de um navio-sonda da Petrobras.

De acordo com o procurador Diogo Castor de Mattos, do Ministério Público Federal, Bumlai obteve do banco Schahin o perdão de uma dívida de R$ 12 milhões, que totalizou R$ 21 milhões com juros e correção monetária, depois de intermediar a contratação, pela Petrobras, do navio-sonda Vitória 10.000, sem licitação. O dinheiro, ainda segundo o procurador, foi destinado ao Partido dos Trabalhadores (PT).

De acordo com o Ministério Público, para justificar ao Banco Central a falta de pagamento, o banco Schahin efetivou um novo empréstimo em nome de uma empresa de Bumlai, por meio de um contrato falso.

O procurador Diogo Mattos explicou a operação: “Houve uma simulação de contrato de venda de embriões por parte do senhor José Carlos Bumlai para as fazendas de Schahin. Essa operação consistiu basicamente em uma complexa engenharia financeira e resultou no recibo de quitação da dívida. No entender do Ministério Público Federal, esse recibo de quitação consistiu na vantagem indevida que foi oferecida aos funcionários corruptos da Petrobras em troca do contrato de operação do navio sonda Vitória 10.000.”

Mais suspeitas

O delator Fernando Baiano, preso pela Operação Lava Jato acusado de intermediar pagamento de propina a agentes políticos e diretores da Petrobras, disse em depoimento que Bumlai o ajudou a negociar a contratação de um navio-sonda da empresa OSX, de Eike Batista, pela Sete Brasil – empresa privada criada por ex-diretores da Petrobras para construir 28 navios para a perfuração do petróleo do pré-sal, em negócio de mais de 20 bilhões de dólares.

Bumlai, em entrevista aos jornais O Estado de S, Paulo e Folha de S. Paulo, negou ter recebido propina, mas admitiu ter levado o presidente da Sete Brasil a um encontro com o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ele admitiu ainda ter recebido dinheiro de Baiano, mas atribuiu o repasse a um “empréstimo”.

Eike Batista, ouvido pela CPI do BNDES, negou ter usado os serviços de Baiano e de Bumlai para negociar contratos com a Sete Brasil.