Alunos de escolas ocupadas querem usar aula voluntária para abonar dias letivos
Os estudantes que participam das ocupações de escolas em São Paulo vão pleitar o abono de dias letivos em razão das aulas recebidas por professores voluntários. As ocupações ocorrem em protesto contra a reorganização escolar promovida pelo governo estadual, que levará ao fechamento de 93 unidades de ensino.
O advogado Daniel Biral, integrante do Coletivo Advogados Ativistas, que fornece apoio jurídico aos estudantes, disse que pretende formalizar as atividades, entre aulas e palestras, para que sejam incluídas no processo judicial. Segundo ele, uma planilha com 5 mil profissionais que darão as aulas está sendo elaborada.
Daniel disse esperar que a sociedade possa refletir sobre o papel da educação na vida desses jovens. “A escola formal está falida e, este ano, não conseguiu cumprir com o planejamento pedagógico. Queremos que essa escola seja repensada."
Na Escola Brigadeiro Gavião Peixoto, na região de Perus, os alunos já vêm assistindo às aulas voluntárias. Juliana de Oliveira, de 16 anos, estudante segundo ano do Ensino Médio, conta que docentes de escolas públicas e particulares se dispuseram a auxiliar da programação das aulas.
“A gente já teve aula de história, uma professora veio aqui e deu aula especial sobre o que está acontecendo na Palestina, é algo bem legal. A gente não está desocupando. Estamos tendo aulas, palestras e estamos ganhando mais conhecimento do que antes, porque era comum faltar professor”, disse ela.
A Escola Brigadeiro Gavião Peixoto é uma das maiores do estado, com cerca de 4 mil matriculados. Na rotina da ocupação, aproximadamente 200 alunos passam a noite no local, mas um número ainda maior frequenta a ocupação para participar das atividades. “A gente faz assembleia todo dia à noite para tratar sobre organização, limpeza e as próximas aulas e palestras”, disse Juliana.
Hoje (28), representantes de outras ocupações se reuniram nessa escola para a troca de ideias e debates. Houve orientação jurídica de advogados, discussões sobre a distribuição de tarefas nas ocupações, segurança, vigília, interação com a comunidade e discussão política sobre assuntos como feminismo, movimento negro e LGBT.