'O PT nunca pressionou pela saída do Cardozo', afirma deputado Paulo Pimenta

Crítica de petistas é com investigação e vazamento seletivos, assegurou parlamentar

Por Eduardo Miranda

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) negou, em conversa com o Jornal do Brasil, que a bancada do partido na Câmara e no Senado tenha pressionado para que José Eduardo Cardozo deixasse o Ministério da Justiça. Segundo o parlamentar, as críticas que o Partido dos Trabalhadores vem fazendo às investigações nunca foram endereçadas a Cardozo, que deixou nesta terça-feira (1º) o comando da pasta.

"As cobranças que fazemos nunca tiveram o ministro Cardozo como alvo. Ela diz respeito à conduta de setores do Ministério Público e da Polícia Federal. Nossas críticas nunca foram pelo excesso de investigações, elas são endereçadas às investigações e vazamento seletivos, como vêm acontecendo", afirmou Pimenta, acrescentando que não conhece o novo ministro, Wellington César Lima e Silva, mas que "as referências ao trabalho dele são muito boas".

Em entrevista coletiva nesta terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a mudança não altera em nada as investigações da Lava Jato: "O Ministério Público é autônomo e independente para investigar". O Ministério Público, comandado por Janot, não é subordinado ao Ministério da Justiça.

Em dezembro do ano passado, o JB antecipou que aliados do PMDB mais próximos ao Palácio do Planalto vinham se queixando da falta de controle de Cardozo sobre a Polícia Federal. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi um dos que insistiu em um ministro com "pulso firme" para evitar que o governo tivesse informações acerca das operações apenas pela imprensa, além de identificar os responsáveis pelos vazamentos seletivos sobre nomes envolvidos em investigações sigilosas.

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Nesta segunda-feira (29), o líder do governo no Senado, senador Humberto Costa (PE), também rechaçou que tenha havido pressões pela saída do ex-ministro. "Cardozo já havia manifestado a sua intenção de deixar o Ministério da Justiça, até por uma questão de saúde, e isso não vai significar nenhuma mudança na orientação administrativa que o ministério tem tido até agora”, disse o líder, referindo-se ao tratamento auxiliar que Cardozo faz em decorrência de um tumor na tireoide.