Paes nega que tenha participado de reunião com Cunha na Petrobras
Prefeito prestou depoimento como testemunha de defesa do deputado cassado
Em depoimento prestado por videoconferência como testemunha de defesa do deputado cassado Eduardo Cunha, nesta quinta-feira (24), o prefeito Eduardo Paes negou que tenha participado de uma reunião, em 2010, com Cunha e o ex-gerente da Petrobras Jorge Zelada. "Não tivemos esta reunião", disse Paes, destacando que no dia do suposto encontro ele teve outras agendas com Cunha.
"No dia 12 de setembro de 2010 em tive uma visita à Assembleia de Deus na Barão de Petrópolis, no Rio Comprido, depois visitamos um conjunto no bairro de Paciência e depois tivemos na Pavuna num pleito a respeito de uma reversível, de uma "mão inglesa", se me lembro bem", disse Paes.
Perguntado pela defesa de Cunha se já havia estado na Petrobras na companhia do deputado cassado, Paes respondeu: "Não. Nunca."
Paes ainda foi questionado sobre negócios da Petrobras em Benin, na África. "O que eu conheço sobre este assunto é o que eu leio nos jornais", acrescentando que desconhece "totalmente" a possível participação de Cunha na compra do campo de petróleo de Benin.
Acusação
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia contra Eduardo Cunha pelo suposto recebimento de propina na Suíça, em valor superior a R$ 5 milhões, por viabilizar a aquisição de um campo de petróleo em Benin, na África, pela Petrobras. Segundo a acusação, o dinheiro é fruto de corrupção e houve lavagem de dinheiro. A denúncia pede a devolução dos valores apreendidos nas contas e a reparação dos danos materiais e morais no valor de duas vezes a propina cobrada, além da perda da função pública e do mandato.
A atuação de Cunha teria sido para garantir a manutenção do esquema ilícito no âmbito da Petrobras, mais especificamente na Diretoria Internacional, ao mesmo tempo que para facilitar e não colocar obstáculos na aquisição do Bloco de Benin. O bloco foi adquirido da companhia Compagnie Béninoise des Hydrocarbures Sarl (CBH), pelo valor de US$ 34,5 milhões, correspondentes a R$ 138.345.000,00. Como era um dos responsáveis do PMDB pela indicação e manutenção do então diretor da Área Internacional no cargo, Jorge Zelada, Cunha teria recebido um percentual dos negócios.