Temer anuncia 'ajustamento institucional' para barrar proposta de anistia a caixa dois

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Presidente disse ainda que seria "impossível um presidente sancionar" o projeto e declarou preocupação com as delações premiadas assinadas por executivos da Odebrecht nesta semana.

Em coletiva realizada neste domingo (27) em Brasília, o presidente Michel Temer anunciou que vetará Caixa 2 (uso de recursos não declarados à Justiça Eleitoral) caso a proposta que circula pelo Congresso Nacional seja aprovada.

Ao lado do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB) e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), ele também anunciou um "ajustamento institucional" para tentar barrar a tramitação do projeto. "Estamos aqui para revelar que no tocante à anistia, há uma unanimidade daqueles dos poderes Legislativo e Executivo. Não há a menor condição de se patrocinar, de se levar adiante essa proposta", declarou. 

Temer disse ainda que seria "impossível um presidente da República sancionar uma matéria desta natureza" e que é preciso "ouvir a voz das ruas".

ProjetoA proposta de anistia surgiu durante a votação do pacote de dez medidas contra a corrupção, de autoria do Ministério Público Federal e respaldado por 2 milhões de assinaturas. Segundo Rodrigo Maia, o aparecimento do projeto de anistia é resultado de um "erro de comunicação". "Nossa intenção nunca foi anistiar crimes, já que o projeto [de medidas anticorrupção] enviado pela sociedade tipifica os crimes", disse Maia. Renan também se manisfestou sobre a ideia. 

"Essa matéria não deve tramitar. Devemos fazer o ajuste fiscal e vamos votar as matérias necessárias para retomar o crescimento da economia. Todas as nossas forças estarão voltadas para votarmos essas pautas, inclusive a lei orçamentária. Até o fim do ano, vamos aprovar a lei orçamentária de 2017", afirmou o presidente do Senado. 

Enquanto isso, todas as atenções em Brasília estarão voltadas para as delações premiadas assinadas pelos executivos da empreiteira Odebrecht, envolvida em casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato. Temer disse que está preocupado que as delações atinjam alguém do governo e que analisará "caso a caso", na eventualidade de uma acusação aparecer.