Homenagem ao arquiteto

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Por MAURO MAGALHÃES

Um dos principais arquitetos do Brasil, Sergio Bernardes (1919-2002) teria feito 102 anos, em abril. Carioca, filho do jornalista Wladimir Bernardes, amigo querido, Sergio sempre teve ideias à frente de seu tempo.

Cursou arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduou-se em 1948. Trabalhou com Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, no início de sua carreira.

Tive o privilégio de conhecer o grande arquiteto há algumas décadas. Através de amigos que moram até hoje na Barra da Tijuca, fomos apresentados.

Eu o visitei inúmeras vezes, em seu escritório e na grande casa que projetou e onde morou, antes de morrer, em 2002, em São Conrado.

Também participei de homenagens que Sergio fez ao seu pai, Wladimir Bernardes, que dirigiu a "Gazeta de Notícias" nos anos 40.

Há um mês e meio, quando a Prefeitura do Rio de Janeiro quis mudar o nome do Parque Dois Irmãos (que levava o nome apenas do arquiteto Sergio Bernardes), no Leblon, Zona Sul da cidade, para Alfredo Sirkis, juntei-me a um grupo de amigos e arquitetos que conheceram Sergio Bernardes para protestar contra a retirada da homenagem ao homem criativo, responsável por projetos bem conhecidos da população, como os postos de salvamento da orla, o Pavilhão de São Cristóvão, entre outros.

Agora, soube que o prefeito Eduardo Paes voltou atrás e decidiu que o Parque Dois Irmãos vai se Chamar Dois Irmãos-Dois Cariocas-Sergio Bernardes e Alfredo Sirkis.

Agradeço a decisão tomada pelo prefeito, pois Sergio Bernardes foi um dos cariocas mais geniais que conheci.

Ele produziu muito e pesquisou em sua profissão de arquiteto. E, em outras áreas.

O querido amigo começou a trabalhar aos 13 anos, em oficina de maquetes, que montou em sua casa. Aos 15 anos, antes mesmo de entrar para a Faculdade de Arquitetura, projetou a casa de Eduardo Baouth (amigo de seu pai), em Itaipava.

Antes de se formar, em 1948, publicou na revista francesa "L'Architecture d'Aujurd'hui", o seu projeto do Country Clube de Petrópolis.

Sergio Bernardes sempre buscou, em suas obras, o bem-estar.

Ele recebeu , em 1953, o Prêmio Jovem Arquiteto Brasileiro na Segunda Bienal de São Paulo, com residência de Lota Macedo Soares.

Também foi premiado, em 1954, com a residência Hélio Cabal, na Trienal de Veneza.
E, ainda, na Exposição Mundial em Bruxelas, em 1958, com a condecoração de Chevalier de la Courone Belge.

Outros projetos de Sergio Bernardes, como o Pavilhão de Bruxelas (1958), Rio Futuro (1960), Hotel Tambaú (1962), Hotel Tropical de Manaus (1963-1970), Planetário de Brasília (1974), entre outros, também se destacaram.

Em 1979, ele criou o Laboratório de Investigações Conceituais.

Pai do arquiteto Cláudio Bernardes e avô do arquiteto Thiago Bernardes, teve sua obra como tema do documentário Bernardes, dirigido em 2014 por Gustavo Rodrigues e Paulo de Barros.

Como livre pensador, dedicou-se à produção, criação, crítica, reflexões e experimentação.
Deixou projetos excelentes. Muitas saudades de Sergio Bernardes.

*Empresário e ex-deputado.