A decadente trajetória de Eduardo Eugênio: de líder empresarial a sabujo de Bolsonaro
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No exercício do cargo há quase 30 anos, em período próximo às mais longevas ditaduras africanas, o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvea Vieira, não vai assinar o manifesto empresarial em favor da democracia e da harmonia entre os poderes. Proposto pela Fiesp, o documento não faz referências diretas ao trágico governo de Jair Bolsonaro, embora, inevitavelmente, contenha críticas ao confronto institucional estimulado a todo momento pelo inepto presidente. E, por óbvio, registre o estado lastimável em que se encontra o País.
Se antes a Fiesp patrocinou atos golpistas, colorindo as passeatas do impeachment contra Dilma Roussef com patos amarelos, hoje nem mesmo a entidade, marcada pelo conservadorismo quatrocentão paulista, consegue conviver com o desgoverno apocalíptico de Jair. A mudança de postura deve ser saudada como benfazeja evolução, pois o momento exige a união de todos os democratas para preservar o nosso patrimônio institucional, alicerce da República.
É, portanto, fundamental a aliança estratégica e ampla das forças do campo democrático contra o autoritarismo e as ameaças às instituições promovidas pelo protofascista de plantão no Planalto. No momento em que o País se mostra sem comando, sem diretriz, imerso no caos produzido por um presidente avesso à liturgia do cargo e absolutamente despreparado para a missão para a qual fora eleito, as diferenças tornam-se menores, irrelevantes. É necessário coragem e grandeza para sublimá-las em nome de valores essenciais.
O fracasso rotundo da gestão presidencial só tem um responsável: Jair Bolsonaro. Por mais que tente terceirizar responsabilidades ao STF, à Câmara do Deputados, ao Senado e à imprensa, está comprovado que ele próprio é o autor da tragédia que ameaça e fragiliza a Nação, e, de resto, o seu próprio governo.
Ainda assim, Eduardo Eugênio se recusa a apor sua assinatura no documento que pede a preservação da democracia e a harmonia entre os poderes da República.
De estilo refinado, com physique du rôle de lorde inglês, E.E.G.V, cujo nome lembra as insígnias de um aristocrata decadente, dá mostras de que a falta de alternância de poder na entidade que preside está contaminando-o, roubando-lhe a capacidade de liderar. Ao se negar a apoiar o movimento, se acovarda, se exibe como sabujo, deixando de exercer o papel que lhe caberia num País cuja economia se mostra destruída, com desemprego em descontrole, em boa medida por conta da ação desastrosa das autoridades governamentais.
Ao proceder assim, E.E.G.V se desmerece como liderança empresarial, deslustra a importância de sua representação, reduz-se a reles bajulador. E, mais uma vez, envergonha os cidadãos cariocas e fluminenses.