ARTIGOS
Fluminense, 120 anos
Por MAURO MAGALHÃES
Publicado em 11/02/2022 às 18:57
Alterado em 11/02/2022 às 18:57
Fundado em 21 de julho de 1902, por Oscar Alfredo Cox e mais 20 integrantes que apreciavam o futebol, o Fluminense comemora 120 anos, em 2022.
Nascido no Rio de Janeiro (no Largo dos Leões, bairro do Humaitá), em 1880, filho de George Cox, cidadão inglês, e da carioca Minervina Dutra Cox, Oscar Alfredo Cox tinha, também, a nacionalidade inglesa e foi o primeiro presidente do Fluminense.
O pai de Oscar Alfredo, George Cox, foi um dos fundadores do Rio Cricket e Associação Atlética, clube da colônia inglesa, em Niterói.
Oscar Cox e seu irmão, Edwin Horácio Cox, tiveram enorme influência do pai, na paixão por atividades esportivas.
Edwin, irmão de Alfredo, fazia dribles incríveis e foi o primeiro craque tricolor.
Oscar também foi um grande jogador de futebol e tornou-se campeão carioca em 1906 e 1908. Em 1910, ele deixou a direção do clube e, quando morreu, anos depois, recebeu inúmeras homenagens póstumas dos tricolores.
O nome Fluminense é derivado do Latim, "flumen", que significa rio. O termo também é usado para se referir aos nativos do estado do Rio de Janeiro. Em 17 de outubro de 1902, o Fluminense instalou-se em Laranjeiras. Em 1905, foi criada a primeira camisa tricolor. Com as três cores presentes no hino composto por Lamartine Babo, o verde, o branco e o grená.
O primeiro jogo da Seleção brasileira aconteceu no campo do Fluminense, em julho de 1914, no aniversário de 12 anos do Fluminense.
Além do futebol, a vida social foi aprimorada pela direção do clube, que, a partir de 1920, começou a promover sessões de cinema, no entorno da piscina, e apresentou a Ópera Aída, no estádio.
Arnaldo Guinle (1884-1963), filho de Eduardo e Guilhermina Guinle, promoveu grandes investimentos no Fluminense. Sócio remido e benemérito, assumiu a presidência do clube em 1916. Ele construiu na sede, em Laranjeiras, o primeiro estádio do Brasil para grandes públicos. E, também, a primeira piscina, primeiro ginásio, o estande de tiro desportivo, o campo de tênis. Deu ao local um tratamento nobre, com a instalação de vitrais franceses, lustres de cristal, pinturas "art nouveau".
Em 1920, Arnaldo Guinle recebeu do clube o mais alto título, de "patrono".
Nesse ano, Arnaldo foi, ainda, o responsável pela fundação do Iate Clube do Rio de Janeiro. Que surgiu com o nome de Fluminense Yacht Club e funcionou, por um tempo, na sede do clube tricolor, e, depois, em 1927, para a Praia da Saudade, hoje Avenida Pasteur 333.
Antes de deixar o cargo, Arnaldo Guinle recebeu no clube a visita do Príncipe de Gales, na época, e futuro rei, Eduardo VIII, e, depois, o príncipe Jorge.
Eu comecei a torcer pelo Fluminense, aos 16 anos, em 1950, quando meu tio materno, Heitor, que era advogado e torcedor fanático do clube, me levou a um jogo de futebol do time, no Maracanã (o estádio tinha acabado de ser inaugurado, em junho de 1950).
Depois que virei deputado estadual, nos anos 60, minha relação com os dirigentes do clube, jogadores e torcedores famosos se intensificou.
Em 1964, quando o regime militar cassou os direitos políticos de Eloi Dutra (que havia sido eleito para ser o vice-governador do antigo Estado da Guanabara), Rafael de Almeida Magalhães, tricolor doente, foi indicado para o cargo (de vice-governador de Carlos Lacerda), através de uma eleição indireta (pelos votos de deputados estaduais).
Rafael de Almeida Magalhães assumiu várias vezes o governo do Estado da Guanabara, interinamente.
Quando Carlos Lacerda renunciou ao cargo de governador, ao recusar-se a passar o cargo para Negrão de Lima (eleito em outubro de 1965, pelos partidos de oposição ao regime militar, os extintos PSD e PTB de Vargas), Rafael assumiu o governo. Depois, ele passou o cargo ao desembargador Martinho Garcez, presidente do Tribunal de Justiça, na época, que transmitiu o cargo ao governador eleito .
Eu era o líder da UDN na Assembleia Legislativa. Havia sido indicado, por aclamação, para substituir Nina Ribeiro, que tinha tido uma briga feia no plenário com o deputado Mac Dowell Leite de Castro. Os dois eram udenistas.
Nessa condição de líder da UDN, tive que ir todas as noites ao Palácio Guanabara, para despachar com o Rafael. Uma noite eu cheguei lá e encontrei um tricolor ilustre, o grande jornalista e escritor Nelson Rodrigues.
Já eram mais de nove da noite. Ficamos ali e o tema principal de nossa conversa foi o Fluminense. Saímos tarde do Palácio Guanabara e Rafael sugeriu que fossemos jantar em um restaurante famoso de Copacabana, o Le Bec Fin. O papo, é claro, foi o Fluminense.
Em 1966, quando fui reeleito deputado estadual, o Fluminense foi campeão invicto da Taça Guanabara.
Presidido pelo advogado e juiz Francisco Horta, entre 1975 e 1977, o Fluminense teve a sua fase áurea, nessa época. Horta contratou o craque Rivellino, que era do Corinthians, Paulo César, Carlos Alberto Torres, entre outros grandes jogadores.
A história do Fluminense Football Clube tem a ver com a história do Rio de Janeiro.
Time que mais disputou campeonatos estaduais, desde a sua fundação, consolidou-se, hoje, como os 12 maiores clubes de futebol do país.
Entre os torcedores famosos do Fluminense, estão Fernanda Montenegro, Chico Buarque, Nelson Motta, Silvio Santos, João Havelange, Pedro Bial e, até mesmo, "in memoriam", o pai da aviação, Alberto Santos Dumont, sócio número 11 do time tricolor.
*Empresário e ex-deputado