Pela aparência de saber
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Uma dialética
da duração
Fernand Braudel (1969)
Quem, hoje, seria capaz, pelos seus próprios meios, de retomar, para ultrapassá-los, os conhecimentos adquiridos?
Fragmentos da realidade que cada qual recorta não são peças de armar, como cubos de um quebra-cabeça infantil. As próprias explicações não cessam de arrastá-lo para longe.
Um conhecimento eficaz exigiria fundamentalmente uma participação ativa, abandono de preconceitos e hábitos.
Ultrapassar rápidas tomadas de consciência no dia-a-dia, cujos traços tornam tão vivo o calor dos acontecimentos e das existências passadas e nos aprisionam em modelagens.
Consideremos não as fases de uma vida ou duração humana, e sim esta vida ou duração tomada em seu conjunto.
Chega um momento em que nos pomos a considerar a nossa vida como um todo. Quando a duração total da vida, breve aliás, é tomada em consideração, a perspectiva muda.
A vida consciente é resultado de uma evolução civilizatória ou apenas uma circunstância de um universo trágico?
A única forma de desfazer um enredo qualquer é efetivamente buscar as pontas dos fios e puxá-las com cuidado. Complicação é um desnecessário adicional de complexidade.
Pouco receptivos à crítica, muitos políticos se interessam mais pela aparência de saber do que pelo próprio saber.
Engenheiro, é autor de "Por Inteiro" (Multifoco, 2019)