ARTIGOS
Tirolesa no Pão de Açúcar, não!
Por CRISTINA SERRA
Publicado em 15/04/2023 às 10:27
Alterado em 15/04/2023 às 21:43
Está em curso um ataque predatório e voraz sobre o Pão de Açúcar, uma das paisagens naturais mais lindas do planeta, um símbolo do Brasil e da nossa brasilidade, com seu costão de pedra, bichos e mata, ali posto em sossego desde que o mundo é mundo, monumento plácido e altivo que parece emergir do oceano ao seu redor.
A Companhia Caminho Aéreo do Pão de Açúcar, que há mais de cem anos explora comercialmente o local, quer ampliar as instalações turísticas que, se forem adiante, transformarão o Pão de Açúcar em algo semelhante a uma mistura de parque de diversões com shopping center. É um projeto pavoroso de “intervenções” que prevê, por exemplo, a instalação de quatro tirolesas gigantescas (cabos de aço) entre os morros do Pão de Açúcar e da Urca.
Não precisa ser especialista para entender que as licenças para a obra foram concedidas ao arrepio da lei e do bom senso. O Pão de Açúcar é bem tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1973; é unidade de conservação municipal desde 2006; é Patrimônio Mundial, na categoria paisagem cultural, título concedido pela Unesco em 2012, e é um dos cem sítios do Patrimônio Geológico Mundial, de acordo com a União Internacional de Ciências Geológicas.
As licenças foram concedidas pelo IPHAN, no ano passado, apesar de várias irregularidades, segundo especialistas. A empresa omitiu que seria necessário fazer desmonte de rocha, por exemplo, o que provoca riscos e problemas de segurança. O projeto mutila um patrimônio ambiental, histórico e cultural que não é só do Rio de Janeiro, mas de todos os brasileiros. Lutemos por ele! As obras não podem prosseguir e as licenças têm que ser anuladas.
Siga o perfil no Instagram @paodeacucarsemtirolesa. Lá você encontrará informações sobre a mobilização para impedir essa insanidade e também o abaixo-assinado contra as obras.
O Pão de Açúcar existe para ser contemplado, para ser belo. Existe para existir. Apenas isso. E isso é tudo.