Passageira negra é obrigada a passar a noite em delegacia após ser expulsa de avião em caso de racismo explícito
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É absolutamente absurdo e revoltante o que aconteceu com Samantha, uma mulher negra e cientista social, que foi expulsa de um avião da Gol por "ameaçar a segurança do voo", quando na verdade ela estava apenas defendendo seus direitos básicos como passageira. Esse é mais um caso explícito de racismo estrutural que continua a prejudicar pessoas negras em nosso país.
Samantha foi retirada à força por três agentes da Polícia Federal, mesmo sem apresentar qualquer tipo de resistência, ofensa ou agressão. Isso é um abuso de autoridade e uma clara violação dos direitos humanos e civis dessa mulher negra. Ela foi obrigada a passar a noite em uma delegacia por um crime que não cometeu.
É inaceitável que em pleno século XXI, ainda existam pessoas que são discriminadas e violentadas por causa de sua raça. É preciso denunciar mais esse abuso de autoridade sobre pessoas negras, especialmente mulheres negras, que são alvo constante de violência e opressão.
A jornalista Elaine Hazin, que estava a bordo do voo e fez as imagens, agiu corretamente ao expor essa situação nas redes sociais e fazer um desabafo acerca da violência contra uma mulher negra.
É importante que a sociedade como um todo se manifeste contra o racismo e a discriminação em todas as suas formas, e que as empresas, incluindo companhias aéreas, estejam comprometidas em combater esse problema e proteger os direitos de todos os passageiros, independentemente de sua raça ou etnia.
Samantha merece justiça e reparação por ter sido vítima de racismo e abuso de autoridade. Não podemos permitir que casos como esse continuem a acontecer impunemente em nossa sociedade. Precisamos continuar denunciando e lutando contra todas as formas de discriminação racial e opressão, para que possamos construir um futuro mais justo e igualitário para todos.
O pior é que quando casos como esses são divulgados nas redes sociais ainda temos uma enchurrada de pessoas que criticam o comportamento da mulher negra, reiterando o racismo praticado. Sinto dizer, se você não é uma mulher negra, não venha minimizar uma dor que você nunca sentiu.
Aos que dizem que denunciar racismo é mimimi eu pergunto: qual era a idade do seu filho quando você precisou ensinar a ele como se comportar durante uma dura policial? Eu tive que ensinar o meu filho aos 12, porque ele estava atrasado para fazer uma prova de recuperação e foi parado pela polícia e teve a mochila revistada, porque infelizmente a cor de nossa pele nos põe sempre sob suspeita.
O racismo é um problema sistêmico que afeta profundamente a vida das pessoas negras em todo o mundo. Como tal, sinto uma profunda revolta em relação ao racismo e à discriminação que enfrentamos diariamente.
Como educadora, acredito que a educação é uma das ferramentas mais poderosas para combater o racismo e promover a igualdade racial. Através da educação, podemos fornecer aos jovens negros e negras as ferramentas para lutar contra a opressão e construir um futuro melhor para si e suas comunidades.
No entanto, é importante reconhecer que a educação em si não pode resolver todos os problemas. É preciso também lutar por mudanças sistêmicas que abordem as desigualdades raciais, incluindo a reforma das políticas de justiça criminal, a promoção da diversidade e inclusão nos locais de trabalho e escolas, e o investimento em comunidades marginalizadas.
Além disso, é importante que as pessoas brancas reconheçam seu papel na perpetuação do racismo e trabalhem ativamente para desmantelá-lo. Isso significa ouvir e aprender com as experiências de pessoas negras, e agir de maneira anti-racista em suas vidas pessoais e profissionais.
Como uma mulher negra inconformada com o racismo, estou comprometida em trabalhar em conjunto com outras pessoas para criar um mundo mais justo e igualitário para todas as pessoas, independentemente de sua raça ou etnia. Vamos juntos lutar contra o racismo e promover a igualdade racial em nossa sociedade, para que todos possam viver livres de discriminação e opressão.
Simone S. Santos é Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense (2010), Funcionária Pública há mais de três décadas, escritora, palestrante, Mentora de Mulheres Líderes.