As eminências pardas e o capita

Por

Em uma patética tertúlia a rés do chão, nas terras altas de um país não muito distante tendo à frente um capitão apoiado em oportunista pedestal de centro e ladeado por eminentes pseudo poderosos, o bem-amado com sua corte de bajuladores tramam, conspiram, confabulam e transferem para alheios as responsabilidade de suas mazelas. Eis que se esquecem do passado, comentam o presente e ensaiam o futuro.

De início fala Soneca, o arauto da corte. Fui eu que pedi ao capita para reunir todo mundo não é ... a finalidade é para nós não discutirmos nada, blá blá blá, ti ti ti, bam bam bam, caixa de fósforo, paletó, almofadinha e pró-brasilis. É preciso locupletar os cofres da corte interfere o capita, mas não se preocupem porque já tenho a solução final. Vou jogar a conta da pandemia do coroa demoníaco que assola as terras brasilis no colo dos nossos serviçais e preciso do apoio de todos. Vou passar a palavra para o Zangado, eminente provedor da corte. Apoiado!!! Diz ele liminarmente: já falei que estes caras são mesmos uns parasitas. Vamos colocar a venda o nosso banco que não é tatu e nem cobra!!!

Temos que botar nas masmorras os regedores provinciais diz Feliz, a Transvestida. Isto mesmo!!! Apoia de imediato Mestre, lugar de vagabundo é na cadeia. Vamos aproveitar que estão todos preocupados com o coroa demoníaco e abrir as porteiras para a boiada ir passando, fala Manhoso o rei do gado e das terras férteis.

Garboso, mas feliz por estar escutando o que gosta de ouvir de seus pelegos de ofício, segue então o capita com seu discurso anacrônico. É, mas não tá tudo okey não pô! Tô desinformado... Quando quero saber das coisas tenho que recorrer ao meu próprio sistema, assim não dá pô! Estão querendo acabar com os meu pimpolhos e ninguém faz nada pô! Vou fazer um troca-troca geral, do início ao fim da linha. Troco tudo, porque isto aqui não é brincadeira não pô! Tá okey?

As eminências pardas e o capita desconhecem a sutil diferença que existe entre ser e estar. Possíveis portadores congênitos de natural prepotência que oblitera a visão como uma devastadora catarata progressiva falta-lhes, sobretudo, qualquer resquício de consciência cidadã. Não conseguem perceber que entre os dois verbos o que existe é tão somente um breve lapso temporal. Quando passa e acaba a realidade das suas presenças simplesmente se esfumaça no tempo como nuvem passageira perpetuando a condição de suas respectivas naturezas nata, um simples zero à esquerda e nada mais pois que nem lembranças eles serão mais.

Uma sugestão capita. Quando vossa eminência sancionar o congelamento dos salários dos serviçais não se esqueça de mandar para a casa legislativa um PL congelando também os preços de tudo, inclusive dos serviços essenciais, porque se isto não for feito o capita passa a correr o risco de ser acusado de dilapidação premeditada de valor por efeito inflacionário ou, no popular, redução de salários, o que a carta magna brasilis proíbe expressamente e que vossa eminência jurou que iria cumprir. Pois então caro capita, na possível ausência de outros predicados, no mínimo, seja esperto e devolve a bola pra eles.

(Azelino Cesar de Lima, Juiz de Fora – MG)