POLÍTICA

Presidente da Anvisa diz que rejeitou mudar bula da cloroquina: 'Não tem cabimento'

Em depoimento na CPI da covid-19, nesta terça-feira, Antonio Barra Torres também divergiu do presidente Bolsonaro em outroso assuntos

Por Jornal do Brasil
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Publicado em 11/05/2021 às 17:41

Alterado em 11/05/2021 às 17:45

O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, depondo na CPI Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

"Esse documento foi comentado pela Dr. Nise Yamaguchi. Quando houve uma proposta, isso me causou uma reação mais brusca. Isso não tem cabimento, isso não pode", afirmou Torres após pergunta do senador e relator da CPI Renan Calheiros (MDB-AL).

O presidente da Anvisa disse que não sabe de quem efetivamente partiu a proposta: "Não tenho informação de quem era o autor, quem teve a ideia".

Torres afirmou ainda que, em sua avaliação, não se deve usar a cloroquina como tratamento precoce contra a covid-19.

"Estudos apontam a não eficácia [da cloroquina]. Até o momento, as informações vão contra o uso", ressaltou.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, é um dos maiores defensores do medicamento, desde o ano passado.

Na última sexta-feira (7), Bolsonaro voltou a defender o remédio contra a covid-19 e criticou aqueles que rejeitam sua posição.

Foi o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta quem revelou a realização da reunião no Planalto em que se falou sobre a mudança da bula da cloroquina.

Em seu depoimento à CPI, na terça-feira (4) da semana passada, Mandetta também disse que rejeita o uso do medicamento como tratamento precoce. Ele afirmou que recomenda o remédio "apenas para uso compassivo" e em pacientes em estado grave.

"Vi um papel, mas sem papel timbrado, sem nada, à frente de todos na reunião, que era uma sugestão de minuta. Estava o ministro Jorge Ramos [na verdade Jorge Oliveira, então ministro da Secretaria-Geral da Presidência] e eu perguntei: 'Mas ministro, isso daqui é um decreto para quem, para o presidente?' Ele falou: 'Não, não, pensaram aí, mas isso aqui está fora de questão. Já falei que juridicamente isso aqui não existe'. Foi a única coisa. Alguém teve essa ideia, mas não saberia dizer quem teve", contou Mandetta.

Sputnik V

O presidente da Anvisa também foi questionado sobre a negativa da agência para a importação da vacina russa Sputnik V.

Segundo ele, a autorização para uso emergencial do imunizante ainda está em análise, mas o processo está parado, aguardando documentação.

"É uma questão regulatória. Não está em questão a relação entre Brasil e Rússia. Não espero, de maneira nenhuma, que impacte o entendimento entre os países", afirmou.(com agência Sputnik Brasil)