POLÍTICA
Defesa e Forças Armadas soltam nota em tom de ameaça contra Aziz
Por Ivan Longo, da Revista Forum
Publicado em 07/07/2021 às 21:35
Alterado em 07/07/2021 às 21:35
O Ministério da Defesa e os comandantes das três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica) reagiram às declarações do presidente da CPI do Genocídio, Omar Aziz (PSD-AM), e soltaram nota, na noite desta quarta-feira (7), repudiando as falas do senador que associam alguns militares a denúncias de corrupção no Ministério da Saúde.
Durante o depoimento do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, Aziz disse que alguns militares devem estar “envergonhados”. Isso porque a CPI apura irregularidades na compra de vacinas que envolveriam militares, como no caso de Dias, acusado de pedir propina em um jantar com a presença de um coronel da reserva do Exército. Além disso, Dias, durante sua oitiva, atribuiu ao ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, a responsabilidade na negociação de vacinas. Há ainda inúmeras evidências de irregularidades durante a gestão do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que é general da ativa.
“Olha, eu vou dizer uma coisa: as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo. Fazia muitos anos”, disparou Aziz na CPI.
A declaração causou incômodo no ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e na cúpula militar, que divulgaram texto com tom de ameaça ao presidente da CPI e aos trabalhos da comissão. “Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos”, diz um trecho da nota conjunta.
“As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”, completam os militares.
Sem escrever nada, o presidente Jair Bolsonaro compartilhou a nota em suas redes sociais.
Confira, abaixo, a íntegra.
O Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha e do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de junho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção,
Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável.
A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos.
Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.
As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.
Estão tentando distorcer minha fala e me intimidar. Não aceitarei! Não ataquei os militares brasileiros. Disse que a parte boa do Exército deve estar envergonhada com a pequena banda podre que mancha a história das forças armadas.
— Omar Aziz (@OmarAzizSenador) July 8, 2021
1. A nota publicada hoje pelo Ministério da Defesa é gravíssima porque as Forças Armadas não são o poder moderador da República e não podem tentar constranger o Poder Legislativo e a CPI da Covid, que investiga os crimes e omissões do governo federal na pandemia. ????????
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) July 8, 2021