POLÍTICA

Bolsonaro evolui de forma satisfatória e sem prazo de alta, diz hospital, que não trata sobre eventual cirurgia

Presidente foi internado nesta quarta-feira e segue sem previsão de alta em hospital de São Paulo

Por Jornal do Brasil
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Publicado em 15/07/2021 às 12:58

Alterado em 15/07/2021 às 12:59

Presidente Jair Bolsonaro após cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) evolui de forma satisfatória, mas não tem previsão de alta, segundo boletim médico divulgado nesta quinta-feira (15), por volta das 12h, pelo hospital Vila Nova Star, onde ele está internado em São Paulo.

Bolsonaro apresenta uma obstrução no intestino, o que gerou acúmulo de líquido no estômago e dores abdominais. A complicação se soma a outros momentos de internação do presidente após a facada sofrica em 2018.

O boletim afirma que Bolsonaro está "evoluindo de forma satisfatória clínico e laboratorialmente". O hospital informou ainda que o tratamento permanece o mesmo, ou seja, não há ainda a previsão de uma cirurgia --a ideia é tentar resolver a obstrução com precedimentos menos invasivos.

"Permanece o planejamento terapêutico previamente estabelecido", diz a nota assinada pelo médico Antônio Luiz Macedo, responsável pelo tratamento intestinal de Bolsonaro, e outros quatro médicos da equipe.

Na manhã desta quinta, antes do boletim, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) divulgou em seu canal no Telegram um vídeo em que comenta o estado de saúde do pai e diz torcer para que uma cirurgia não seja necessária.

Segundo Eduardo, Bolsonaro tem no hospital a companhia do filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro pelo Republicanos, e da mulher, Michelle Bolsonaro.

O deputado afirmou haver uma dobra ou aderência no intestino de Bolsonaro que impede a passagem de alimentos. Ele explicou que o entupimento causou acúmulo de líquido no estômago, o que gerou dores abdominais ao presidente. "Foi retirado um litro de líquido do estômago", disse.

Durante a manhã, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho de Bolsonaro, publicou que o presidente "evoluiu para melhor, acordou bem disposto e, a continuar assim, não precisará fazer cirurgia!".

Seguindo a linha de politizar a situação de saúde de Bolsonaro a partir do atentado sofrido em 2018, Flávio tuitou a hashtag "quem mandou matar Bolsonaro".

Também no fim da manhã, três mulheres vestidas de verde e amarelo deixaram uma carta para Bolsonaro na recepção do hospital.

Na madrugada de quarta, Bolsonaro foi ao Hospital das Forças Armadas, em Brasília, de onde foi transferido por orientação do médico Macedo.

Eduardo afirmou haver esperança de que o bloqueio se desfaça naturalmente, sem a necessidade de nova cirurgia. Desde o atentado na campanha presidencial, Bolsonaro já foi submetido a algumas cirurgias.

O deputado informou ainda que Bolsonaro não poderá comparecer à motociata marcada pala sexta (16), em Manaus. O filho do presidente disse que ele estava "baqueado" na quarta, mas que Bolsonaro "não para de trabalhar, é workaholic, mas vai ter que dar um tempinho".

Na quarta à tarde, Bolsonaro falou nas redes sociais sobre seu estado de saúde. No momento em que acena com uma trégua no discurso radical e nos ataques aos Poderes, ele aproveitou para criticar o PT e o PSOL, seus adversários políticos.

"Mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL, braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil. Um atentado cruel não só contra mim, mas contra a nossa democracia", escreveu.

"Peço a cada um que está lendo essa mensagem que jamais desista das nossas cores, dos nossos valores! Temos riquezas e um povo maravilhoso que nenhum país no mundo tem. Com honestidade, com honra e com Deus no coração é possível mudar a realidade do nosso Brasil. Assim seguirei!"

No texto, com forte conotação política, Bolsonaro afirmou que pretende seguir atuando para "tirar o país de vez das garras da corrupção, da inversão de valores, do crime organizado, e para garantir e proteger a liberdade".

A internação ocorre após o presidente escalar a retórica golpista. Nos últimos dias, ele questionou a lisura das eleições, criticou as urnas eletrônicas e disse que, sem voto auditável, não haverá pleito em 2022.

Na última segunda-feira (12), ele ensaiou uma trégua e moderou suas declarações golpistas. Também aceitou participar de um encontro com os chefes dos demais Poderes nesta quarta, mas a reunião foi cancelada diante da internação hospitalar.

O presidente também se cercado pelo avanço da CPI da Covid no Senado, que apura ações e omissões do governo federal na pandemia. Soma-se ainda a queda de popularidade. Pesquisa Datafolha realizada no início deste mês apontou que a reprovação a Bolsonaro chegou a 51%, um novo recorde para ele. (Carolina Linhares/Folhapress)

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