Enquanto Datafolha aponta 54% a favor de impeachment, Lira rebate: 'Brasil não pode desestabilizar'
Pesquisa aponta números bem diferentes da pesquisa de maio, sobre a gestão do governo. Entretanto, para presidente da Câmara, a 'desestabilização' da política brasileira não pode acontecer a cada eleição
De acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha no sábado (10), realizada entre os dias 7 e 8 de julho, 54% dos entrevistados são favoráveis à abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, e 42% aparecem contrários à iniciativa. Outros 4% não souberam opinar.
O instituto entrevistou de forma presencial 2.074 pessoas em 146 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
No mês de maio, o Datafolha realizou a mesma pesquisa e os números eram um pouco diferentes. Das pessoas entrevistadas, 49% se mostraram favoráveis à abertura do processo, 46% contrários e 4% não opinaram.
Em outra consulta, feita em 2020, os números apontavam para uma maior popularidade do presidente, pois 48% eram contrários ao processo e 45% eram a favor, 6% não souberam responder.
Os números mostram uma mudança na interpretação do brasileiro diante da gestão de Bolsonaro em um espaço de um ano.
Reação na Câmara
Em resposta à pesquisa, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que tem o poder de admissão do processo de impeachment, disse que "é preciso ter calma" para analisar o pedido de abertura do processo e que o mesmo é "muito mais que uma pesquisa".
"O impeachment é muito mais que uma pesquisa, muito mais do que vontade da oposição, que eu nem sequer sei se quer o impeachment mesmo", disse Lira citado pela CNN Brasil.
Lira também acredita que o Brasil não tem condições para passar por um processo como esse e que a "desestabilização" da política brasileira não pode acontecer a cada eleição, ao mesmo tempo que apontou o sistema parlamentarista como uma possível solução para o contexto.
"Não temos condição de um impeachment para esse momento. O Brasil não deve se acostumar a desestabilizar a política em cada eleição. Não podemos fazer isso. Precisamos, talvez, alterar o sistema do Brasil para um parlamentarismo", declarou Lira.
Em relação às últimas falas de Bolsonaro sobre as eleições de 2022, "ou temos eleições limpas ou não temos eleições", se referindo ao voto impresso, o presidente da Câmara disse que "a Casa não tem compromisso com qualquer ruptura da democracia".
"A Câmara, como a casa do povo, a mais aberta à democracia, está atenta a qualquer tipo de insurgência contra as instituições, a liberdade, e o que o preceito constitucional define como divisão dos poderes. A institucionalidade do Brasil não será posta em risco", afirmou.(com agência Sputnik Brasil)