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Rachadinha: chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro recebeu R$ 2 milhões em depósitos feitos por servidores

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Por POLÍTICA JB com Revista Forum
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Publicado em 04/05/2023 às 05:52

Alterado em 04/05/2023 às 08:19

Carlos Bolsonaro Folhapress

Raphael Sanz - Equipe do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio de Janeiro comprovou a ocorrência de um esquema de rachadinha no seu gabinete na Câmara Municipal do Rio e agora vai apurar se Carluxo se beneficiou da prática.

O chefe de gabinete do filho ‘zero-dois’ de Jair Bolsonaro (PL) é, desde 2018, Jorge Luiz Fernandes. Ele recebeu, ao todo, R$ 2,014 milhões em créditos de outros 6 servidores nomeados por Carluxo.

A movimentação financeira registrada é apontada pelo MP como a prova mais consistente do esquema e foi obtida pela 3ª Promotoria de Justiça e Investigação Penal Especializada após ser aberta uma primeira investigação sobre suspeita de rachadinha no gabinete do vereador carioca.

No mesmo levantamento, o MP ainda demonstrou que Fernandes utilizou suas contas bancárias pessoais para bancar despesas de Carluxo. A principal tarefa da 3ª Promotoria nesse momento é descobrir se tais depósitos e pagamentos foram pontuais e eventuais, ou constantes, regulares e sistemáticos. Caso fique provada a segunda opção, também estará provado que Carlos Bolsonaro se beneficiou do esquema.

De qualquer maneira, o que já consta nos laudos já incriminaria Carluxo por peculato. O documento, que traz dados obtidos entre 2009 e 2018, mostra os nomes dos funcionários e os valores totais enviados a Fernandes.

Juciara da Conceição Raimundo enviou R$ 647 mil em 219 lançamentos. Andrea Cristina da Cruz Martins abriu mão de R$ 101 mil em um total de 11 lançamentos. Regina Célia Sobral Fernandes deu uma quantia um pouco maior ao operador do gabinete: R$ 814 mil em 304 lançamentos.

Além deles, Alexander Florindo Batista Júnior enviou R$ 212 mil a Fernandes em 53 lançamentos; Thiago Medeiros da Silva enviou R$ 52 mil em 18 lançamentos e Norma Rosa Fernandes Freitas mandou R$ 185 mil em 83 lançamentos.

 

Relações familiares e 'laborais'

Fernandes é casado com Regina Célia e cunhado de Carlos Alberto Sobral Franco, que foi funcionário do gabinete de Jair Bolsonaro quando este era deputado federal. Ele é visto, segundo o jornal O Globo, como uma espécie de segundo pai para Carluxo. O ‘zero-dois’, por sua vez, frequentaria a casa de Jorge Luiz Fernandes, o chamado ‘Jorge Sapão’, que trabalha em seu gabinete desde 2001.

Ao todo, o MP investigou 27 pessoas e 5 empresas que de alguma forma estão ligadas a Carlos Bolsonaro e seu gabinete na Câmara Municipal do Rio. Investigação começou ainda em 2019, quando a Revista Época publicou matéria revelando que 7 familiares de Ana Cristina Vale, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe de Jair Renan, o ‘zero-quatro’, também estiveram empregados no gabinete de Carluxo, mas sem comparecer ao trabalho. Dois anos depois, 4 desses “funcionários” admitiram à mesma revista que não trabalhavam ainda que estivessem formalmente lotados no gabinete e com os salários em dia.

Um desses funcionários era Marta Valle, professora de educação infantil, cunhada de Ana Cristina Valle e moradora de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ela ficou 7 anos como funcionária do gabinete de Carluxo entre novembro de 2001 e março de 2009, mas declarou que jamais trabalhou para o vereador. “Não fui eu, é a família do meu marido, que é Valle”, declarou à época. Marta recebia um salário de R$ 9,6 mil que chegava a R$ 17 mil se somados auxílios e benefícios. No entanto, ela nunca teve sequer um crachá. Entre junho de 2005 e março de 2009, o MP aponta que ela sacou R$ 364 mil.