Na revista, reclamações
Moradores denunciam agressões, destruição e até roubo em suas casas A ordem de vasculhar cada uma das cerca de 35 mil residências do complexo do Alemão gerou reclamações de algumas famílias que moram na parte alta do morro. Segundo elas, os policiais foram violentos, e teriam chegado até a roubar pertences, informação que foi rechaçada pelo comando da operação.
Na localidade conhecida como Alvorada, cujo acesso é feito pela favela da Grota, marido e mulher choravam após a destruição de sua residência.
– Eles (os policiais) pediram para entrar uma vez, minha irmã abriu a porta, e eles viram que não tínhamos drogas nem armas.
Na segunda, com a casa vazia, veio o Bope e enfiou o pé na porta que compramos com dificuldade – relatou ao JB , chorando, a diarista Ana Maria Gonçalves apontando para móveis quebrados e gavetas de roupas remexidas. – Eu me mato de fazer faxina para a polícia roubar o Playstation 2 do meu filho, e não quer nem dar uma satisfação? Também moradora da Alvorada, a estudante Leidiane Bortolotti, 22 anos, acusa policiais de agressão. – Bateram o bico do fuzil nas costas do meu pai. Também agrediram meus irmãos, de 18 e 21 anos. Quando tiveram certeza de que não tínhamos nada escondido na nossa casa, deram as costas e foram embora sem, ao menos, pedir desculpas – queixou-se, trêmula, a mulher.
– A polícia foi muito desorganizada e desrespeitosa.
Encontrados nas imediações das residências de Ana Maria e Leidiane, policiais civis da Delegacia de Combate às Drogas e de Serviços Delegados negaram agressões e roubos nas residências.
– A gente pergunta por que fizeram isso na nossa casa enquanto não estávamos aqui, e os caras riem da nossa cara. É muita injustiça – denunciou o ladrilheiro José Roberto Pereira.
Para o delegado titular da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados, Marcos Vinícius Braga, a vistoria é importante para checar as denúncias.
– Não acredito que tenha havido abuso, mas podemos investigar. Gostaria de parabenizar os moradores pela colaboração com a nossa ação. Eles estão passando todos os esconderijos de drogas.