Coppe começa a operar, a partir da próxima quarta-feira, super radar para monitorar a Baía de Guanabara

Por Celina Côrtes

Luiz Landau e Fabio Hochleitner, do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce), do Coppe, apresentam o radar

A partir da próxima quarta-feira, entra em operação o radar marítimo de fabricação norueguesa, marca Furuno, com frequência de Banda X, usada pelos grandes navios, adquirido por US$ 150 mil pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ). O inovador sistema foi desenvolvido pelos pesquisadores do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce), da Coppe, para reduzir os impactos ambientais na Baía de Guanabara. A apresentação da novidade aconteceu no 1º Workshop de Tecnologia de Radar (Banda X) Aplicada a Meteo-Oceanografia e Hidrografia, realizado no dia 10 na Universidade Federal Fluminense (UFF) — com a qual a Coppe fez parceria —, no auditório Milton Santos, no campus do Gragoatá, em Niterói.

O radar, com 3,5m de comprimento emite impulsos eletromagnéticos que refletem e retornam, com uma abrangência de 80% da área da Guanabara, incluindo a boca da baía. O equipamento inclui dois computadores, um deles só para controlar o radar. Por meio de computação de alto desempenho e modelos matemáticos, ele vai gerar parâmetros físicos e ambientais — a exemplo do movimento das correntes, da elevação das ondas, detecção das manchas de óleo, da trajetória e composição do lixo, entre outros —, como se fosse um laboratório vivo. “O equipamento vai representar um salto de qualidade nas investigações sobre as águas da baía”, comemora o professor de Engenharia Civil Luiz Landau, coordenador do Lamce, da Coppe.

Pioneiro no Brasil e só usado em países como a Alemanha, Noruega e Canadá, o radar fornecerá que serão aplicados no projeto desenvolvido pelo Lamce na Enseada de Bom Jesus, na Baía de Guanabara, para entender sua dinâmica e replicar este conhecimento em toda a baía. “Sempre houve projetos megalômanos que não foram para a frente. A ideia é dominar o conhecimento sobre uma microrregião e aplicar este conhecimento em toda a baía”, informa Landau. “O radar, junto ao projeto da Enseada de Bom Jesus, vai reunir os dados de campo junto ao modelo”, explica.

A ideia de aquisição do radar foi do meteorologista Fabio Hochleitner, também do Lamce. Foi dele ainda a decisão de instalar o equipamento no topo do prédio do Instituto de Geociências da UFF, tanto pela possibilidade de estabelecer uma parceria quanto pela localização privilegiada em Niterói, debruçado sobre a Baía de Guanabara. “As informações obtidas nesse processo poderão ser usadas em pesquisas e soluções para reduzir os impactos ambientais na Baía de Guanabara provenientes da ação humana, além de auxiliar no controle e segurança do tráfego de embarcações”, esclarece Hochleitner.

Luiz Landau lembra que a Coppe começou a se dedicar ao estudo mais profundo da Baía de Guanabara depois do acidente da Reduc, ocorrido em 18 de janeiro de 2000, quando foram derramados 1,3 milhão de litros de óleo, que poluíram uma área superior a 50 km² da baía. “Desde então, começamos a criar modelagens para acompanhar a movimentação do óleo”, diz Landau.

Tudo isso vem ao encontro da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável. “A baía pode dar um salto de qualidade com as investigações do radar. A poluição, por exemplo, poderia ser reduzida se houvesse um transporte marítimo eficiente entre locais como São Gonçalo e Rio de Janeiro, cujo entrave é o lixo flutuante”, observa o coordenador do Lamce. Concluída a fase piloto do projeto, o sistema poderá ser aplicado em outras regiões do oceano.