Rio sai de ranking mundial

Prefeitura não tem Plano B para cidade retomar sua posição de destaque no turismo internacional

Por Celina Côrtes

Rio de Janeiro

Como único participante do Top 100 City Destinations, do Euromonitor – um dos maiores centros de análises de dados mundiais – a queda do Rio de Janeiro da 94ª para a 101ª posição eliminou o Brasil deste renomado ranking. Para uma cidade afundada numa crise econômica, vítima de violência e de um abandono crônico na sujeira por toda a parte, a queda não chega a surpreender. Mesmo com a força à proposta defendida até pelo prefeito evangélico, Marcelo Crivella, à qual faz coro o presidente da Riotur, Marcelo Alves, de abertura de um complexo turístico semelhante ao Marina Bay Sands, em Singapura, com resort e cassino na Zona Portuária, a prefeitura não tem um plano B para recuperar o protagonismo da cidade.

“A abertura do cassino seria um ótimo negócio, visto que o turismo é a saída mais rápida e a solução para a crise da cidade. Com todas as riquezas naturais e culturais do Rio, nosso alcance seria potencializado”, defende Alves, embora tudo não passe de intenção, porque o projeto depende de mudança na legislação, que proibiu o jogo no país em 1946.

Não é difícil, constatar, porém, que o fato de a cidade já ter sediado estes atributos ou mesmo as belezas naturais não têm resolvido seus problemas. Para Alves, a recuperação do protagonismo do Rio será recuperado “com muito trabalho e investimento em turismo. Nosso foco hoje é mostrar que o turismo é uma indústria de retorno financeiro imediato para a cidade do Rio de Janeiro, gerando receita, empregos e desenvolvimento”, diz.

Alves se queixa da falta de investimentos na divulgação do Rio no exterior, por conta da crise. “Sem divulgação a cidade perde posições. Precisamos de um contraponto explorando as belezas naturais e culturais, redefinindo essa imagem. Para isso, o investimento em marketing é essencial”, Ainda assim, ele destaca os “ótimos” números da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat).

Chineses, os novos japoneses*

No último quarto do século 20, quem desequilibrava o turismo mundial eram hordas de japoneses que invadiam, em gurpos de 20 a 30 pessoas, munidas de suas indefectíveis câmeras digitais Nikkon, Sony ou Fujitsu, os museus de Paris, as praças de Londres, Madri, Nova Iorque e Rio. Onde houvesse um ponto turístico atraente, lá estavam os trabalhadores japoneses no período de férias, registrando as curiosidades do mundo ocidental.

Desde 2010 a China, com 1.3 bilhão de habitantes, roubou do Japão o posto de 2ª economia do mundo. E não parou de crescer, com taxas de dois dígitos, enquanto o Japão, com 127 milhões de habitantes e crescimento que oscila entre 0,5% e 1,5% perdeu a China de vista, que segue agora crescendo a 5,5% ao ano.

Com uma população de quase 800 milhões de chineses que já faz parte do mercado consumidor, em condições mais intensas que os 209 milhões de brasileiros, para onde vai a China o mundo sofre as consequências. No turismo, não podia ser diferente. As hordas chinesas, com os mais modernos celulares da Huawei ou Xiaomi para registrar tudo em câmeras mais ágeis e eficientes que as japonesas do passado, mudam todas as estatísticas do turismo.

Por isso, Hong Kong, que funciona como território chinês autônomo, foi o destino que mais ganhou visitantes em 2018. Cidades da própria China ou nas vizinhanças da Ásia também estão no raio de interesse dos curiosos chineses. Longe, pouco conhecido, e com altos custos de deslocamento nas passagens aéreas, o Brasil e o Rio de Janeiro vão ter de adotar uma estratégia toda especial para seduzir estes novos turistas.

*Por Gilberto Menezes Côrtes