Área de desabamento no Rio é dominada por milícia, que dificulta fiscalização
SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Dois prédios residenciais desabaram no início da manhã desta sexta-feira (12), na comunidade da Muzema, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos duas pessoas morreram -um homem e uma criança, com identidades ainda desconhecidas-, três estão feridas e outras 17 estão desaparecidas sob os escombros.
Um quarto sobrevivente foi removido dos escombros pelos próprios moradores antes da chegada das equipes de resgate. A vítima foi levada sobre uma porta por moradores até uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que estava a seis quadras do local do acidente.
Os feridos estão sendo atendidos no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Não foi divulgado o estado de saúde deles.
Dois homens chegaram ao hospital por volta das 11h a bordo de uma ambulância enlameada: Raimundo Nonato, 41, com escoriações na cabeça, e Luciano Paulo, 38, com escoriações múltiplas.
Os prédios caíram por volta das 6h30. Os bombeiros foram alertados da ocorrência às 6h48. Equipes de três quartéis (Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Alto da Boa Vista) foram deslocadas para o local e chegando por volta das 7h20.
A região é de difícil acesso, está sob o domínio de milícias e os veículos de resgate estão tendo dificuldades para chegar ao local, por conta do excesso de lama, recorrência das chuvas da última segunda (8). O local foi bastante castigado pelo temporal que alagou ruas, avenidas, casas e matou dez pessoas em várias partes da capital fluminense.
Segundo os primeiros relatos dos sobreviventes, os edifícios tinham quatro e seis andares e ainda estavam em obras. Ao menos quatro famílias viviam nas construções. Antes da queda, foram ouvidos grandes estalos na estrutura.
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), esteve no prédio que desabou na manhã desta sexta. Ele saiu sem falar com a imprensa e foi vaiado por moradores da região. A prefeitura informou apenas que os prédios eram irregulares.
"As construções, além de irregulares, são construídas por leigos, pessoas que devem ter trabalhado em uma obra apenas, visto como faz e feito esses modelos aí. Todos os prédios que estão ali correm esse risco, por terem sido feito por leigos. Eu contei uns 60 prédios ali em uma olhada rápida", disse à Globo Jorge Mattos, coordenador da comissão de análise e prevenção de acidentes do Rio.
O governador do estado, Wilson Witzel (PSC), lamentou as mortes. "Infelizmente, já há mortos e feridos vítimas do desabamento da Muzema. Situação lamentável, que acompanho com atenção", escreveu no Twitter.
A Defesa Civil isolou uma grande área no entorno do acidente porque, segundo os moradores, nos prédios vizinhos aos que desabaram também foram registrados grandes estalos.
À frente das operações, o subcomandante dos bombeiros, coronel Marcelo Gisler, disse que duas pessoas foram encontradas mortas por moradores, mais três resgatadas por moradores e outros dois retirados pelos bombeiros.
Carolina Andrade Ferreira, 34, foi resgatada pelos bombeiros por volta de 13h com vida. "Ainda não sei como a Carolina está, mas é um alívio achá-la com vida. Preciso saber dos outros agora", disse o garçom Francisco Antônio Ferreira, 40, que mora em Guaratinguetá.
Carolina morava com uma outra irmã, Divina Patrícia Andrade Ferreira, 39, e mais um cunhado. Ambos estão desaparecidos.
Divina estava de passagem pelo Rio para visitar a família, com passagem marcada de volta para Paraíba ainda nesta sexta.
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