Cláudio Castro manda assessoria censurar perguntas sobre greve dos professores
Durante entrevista coletiva no Palácio Guanabara, jornalistas só puderam perguntar sobre reforma tributária ao governador do Rio
Em meio à greve dos professores da rede pública de ensino do estado, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), "fugiu" dos questionamentos sobre o assunto nesta sexta-feira (19).
Embora tenha convidado a imprensa para uma coletiva no Palácio Guanabara, Castro, após atrasar uma hora e meia, orientou a assessoria de comunicação do governo (Ascom) a não deixar passar nenhuma pergunta que expusesse a crise na educação.
Os jornalistas eram orientados, individualmente, a "concentrar-se" exclusivamente na pauta da coletiva, "reforma tributária". O repórter que tentava furar o "crivo" da Ascom teve as dúvidas ignoradas. Ou seja: só podiam perguntar o que o governador queria ouvir.
Entenda o caso
Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro entraram em greve na quarta-feira (17). A reivindicação da categoria é a implementação do piso nacional do magistério para professores e funcionários administrativos.
A greve foi decidida em uma assembleia no último dia 11, em que o Sindicato dos Professores da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) se reuniu com representantes do governo.
O Estado afirma que quem já ganha acima do piso não terá reajuste. Já os professores pedem essa implementação. A referência do piso é o salário mínimo nacional.
Segundo o sindicato, no município do Rio 80% dos professores estão em greve, enquanto 60% a 70% dos profissionais do estado também aderiram à paralisação. Há colégios 100% fechados.
Já o governo, em nota divulgada à imprensa na quarta, contrariou os números informados pelo Sepe e afirmou que 96% dos profissionais foram trabalhar.
A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) disse que respeita a decisão de greve dos profissionais da Educação e que cabe aos órgãos de Justiça verificar sua legalidade.