RIO
RJ: censo do IBGE aponta para 'êxodo urbano' e migração do povo para perto do petróleo
Por Gabriel Mansur
redacao@jb.com.br
Publicado em 28/06/2023 às 20:48
Alterado em 28/06/2023 às 20:54

Se há 50 anos o êxodo rural ganhou força com a industrialização e mais da metade da população passou a viver nas cidades, o Censo do IBGE de 2022 revelou um movimento contrário, com a tendência ao deslocamento da população dos grandes centros urbanos para cidades menores do interior. No Rio de Janeiro, não foi diferente. Com o diferencial petroleiro.
No circuito do petróleo, Maricá (54,87%) se destaca. A cidade, que tem a maior participação em royalties do Brasil, passou de 127.461 habitantes, em 2010, para 197.300, nono maior crescimento proporcional do país. Ganhou 69.839 novos moradores, população equivalente à Buzios, Rio Bonito ou Paraty. O aumento populacional se justifica pelas migrações internas na Região Metropolitana II como sugere a perda de moradores de São Gonçalo e Niterói.
Esse êxodo também ocorreu entre Baixada e Norte Fluminense. Ao passo que cidades como Duque de Caxias e Nilópolis encolheram, Campos dos Goytacazes, outro da rota petroleira, cresceu mais de 12%. A exploração do petróleo da bacia de Campos deu novo impulso à região, que atua, ao lado de Macaé, como apoio para as atividades de óleo e gás. O município chegou a 520.124 habitantes e agora é o quinto mais populoso do Rio de Janeiro, à frente de Niterói, que também perdeu posição para Belford Roxo e hoje é o 7º com mais gente.
As cidades litorâneas também ganharam novos moradores. Aparecem entre os municípios que mais cresceram municípios da Região dos Lagos, como Rio das Ostras (48,1% , 12º no Brasil), Búzios (45,16%) Saquarema (20,55%), Cabo Frio (19,18%), Araruama (15,54%) e Arraial do Cabo (12,69%).
Por que é importante?
O Censo é uma pesquisa realizada pelo IBGE para fazer uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira. Ela permite traçar um perfil socioeconômico do país, já que conta os habitantes do território nacional, identifica suas características e revela como vivem os brasileiros.
E também constituem a única fonte de referência sobre a situação de vida da população nos municípios e em seus recortes internos, como distritos, bairros e localidades, rurais ou urbanas, cujas realidades dependem de seus resultados para serem conhecidas e terem seus dados atualizados.
As informações do censo demográfico também são utilizadas para a liberação de verbas federais para as instâncias estadual e municipal. É mediante o quadro da população fornecido pelo recenseamento que acontece a elaboração de políticas públicas específicas em diferentes áreas, como saúde, educação, mobilidade espacial, habitação e saneamento básico, e direcionadas para grupos selecionados, como crianças, idosos e pessoas com deficiência, por exemplo.
Por meio da utilização dos dados coletados pelo censo demográfico, que revela aspectos como a renda média da população e permite identificar as principais necessidades de uma parcela dos habitantes do país, ocorre a formulação de estratégias de crescimento econômico. Essas mesmas informações são úteis ainda para a atração de investimentos de empresas e agentes privados.
O IBGE destaca ainda a importância do censo demográfico na composição da estrutura governamental do país, tendo em vista que a distribuição populacional e o número de habitantes em cada unidade da federação, estado e município são informações fundamentais para a determinação da quantidade de vereadores, deputados estaduais e deputados federais.