RIO
Jardim de Alah: polêmica da reforma continua
Por OMAR PERES
redacao@jb.com.br
Publicado em 23/02/2025 às 12:07
Alterado em 23/02/2025 às 17:33

Moradores do entorno do famoso parque fizeram, ontem, protesto contra o já aprovado projeto da prefeitura do Rio, que prevê a total restauração urbanística do parque, instalação de restaurantes e área de lazer para a comunidade.
Os moradores que fizeram o protesto se baseiam no tombamento da área, o que impediria qualquer intervenção material além do corte de "130 árvores exóticas".
Para Miguel Pinto Guimarães, "os protestos fazem parte da democracia, mas não retratam a realidade do que vai acontecer de benéfico pra cidade" (veja video abaixo).
Abandonado e frequentado por dependentes químicos, o Jardim de Alah nunca recebeu, ao longo de sua existência, intervenção importante do poder público para integrar a área com a comunidade. A realidade sempre mostrou um total desleixo que, agora, com o projeto, será reparado.
Para os manifestantes, o fato do poder público não investir e não manter o parque não é motivo para que ele seja privatizado.
Segundo Alexandre Acioly, "nada do que será implantado irá ferir a história do local, muito menos a ecologia. Ao contrário. A intervenção será feita sobretudo onde, hoje, serve de depósito e movimento de caminhões e equipamentos da Comlurb. "Vamos entregar um lindo espaço para a cidade, criando uma área de lazer, hoje totalmente abandonada. Além disso, a comunidade da Cruzada de S. Sebastião será beneficiada com area de lazer e cultura, além de centenas de empregos que serão oferecidos para os moradores".
Já os manifestantes residentes no entorno do Parque "afirmam que o projeto vai destruir a área verde, e trará prejuízos para a segurança da área.
Para Miguel Pinto Guimarães, esse fato é totalmente inverídico, como ele afirma no vídeo, onde mostra o compromisso com a natureza do local.
O projeto só tem um vencedor: o Rio de Janeiro.
'Planejado e estruturado'
"O Rio + Verde informa que o projeto para a construção do novo Parque Jardim de Alah foi planejado e estruturado sob as melhores práticas, tendo sido aprovado pelos órgãos competentes.
O objetivo do projeto é tornar o espaço novamente acessível aos moradores da cidade do Rio de Janeiro, levando lazer e segurança para uma área hoje deteriorada.
Em relação à manifestação realizada na manhã de hoje [ontem, 22], a empresa entende que faz parte do processo democrático e esclarece que é falsa a informação de que será instalado um shopping no local e que o novo Jardim de Alah será menos arborizado.
Serão plantadas cerca de 300 novas árvores no novo parque, um incremento de 41% em relação às existentes. Além da compensação ambiental obrigatória de plantio de mais de 1300 árvores em locais a serem definidos pela Secretaria de Meio Ambiente.
A empresa lembra também que conta com o apoio formal das associações de moradores mais relevantes do entorno, como AMAI (Associações de Moradores e Amigos de Ipanema), AMALeblon (Associação de Moradores e Amigos do Leblon) e AMORABASE (Associação de Moradores da Cruzada São Sebastião), que encontraram no projeto apresentado e discutido com os moradores, a melhor solução para revitalizar toda a área.
O Rio + Verde seguirá comprometido com a revitalização do Jardim de Alah, sempre com respeito ao meio ambiente, à legislação e ao patrimônio."
Comunicado
"Mantendo a transparência que sempre pautou o nosso relacionamento com a sociedade informamos que recentemente, durante o processo de obtenção das licenças para a tão urgente revitalização do Jardim de Alah, foi emitida pelo poder concedente a licença ambiental e autorização de supressão arbórea que faz parte de qualquer licenciamento urbanístico.
Foi autorizada a supressão de 130 indivíduos por diversos motivos, incluindo doença, decesso e a inadequação de espécies exóticas cujas raízes destroem a infraestrutura pública e impedem a acessibilidade das calçadas.
Esse número equivale a apenas 17,8% dos indivíduos existentes no parque. Este número sempre foi transparente e comunicado em todas as apresentações e audiências públicas.
Mas isso de forma alguma significa que o novo Jardim de Alah será menos arborizado. Serão plantadas cerca de 300 novas árvores no novo parque, um incremento de 41% em relação às existentes! Além da compensação ambiental obrigatória de plantio de mais de 1300 árvores em locais a serem definidos pela Secretaria de Meio Ambiente.
Vale também acrescentar que a remoção será feita paulatinamente apenas após o início das obras, quando liberadas pela justiça. E que dentre as remoções autorizadas, muitas espécies são mudas, arbustos ou árvores de pequeno e médio porte que serão transplantadas e não suprimidas.
Entendemos a preocupação da população em relação às árvores de grande porte, consolidadas, que trazem sombreamento para o parque, a maioria delas amendoeiras, e garantimos que das 243 amendoeiras existentes, apenas 4 (1,6%) serão suprimidas, 2 delas inviáveis por atacadas por pragas (erva-de-passarinho).
Reiteramos a nossa adesão às boas práticas ambientais que já nos rendeu a primeira pré-certificação platinum na América Latina pelo selo SITES de sustentabilidade. Nosso compromisso segue firme em transformar o Jardim de Alah baseado no tripé da sustentabilidade econômica, ambiental e responsabilidade social.
Algumas outras métricas:
- Do total das árvores existentes, este número corresponde a apenas 17,8%!
- Diversos motivos justificam a retirada dessas árvores: Doenças, pragas ou decesso (18%), Árvores de pequeno porte passíveis de transplantio (10,70%), espécies exóticas inadequadas ao ambiente urbano (49%).
- Da totalidade das árvores inventariadas no parque, 70,05% são exóticas e 29,94 são nativas de mata atlântica.
- Da lista das espécies ameaçadas ou sob ameaça foram encontradas apenas quatro indivíduos jovens, três com cerca de 2 metros e um alcançando 7 metros. Serão todas transplantadas, portanto, todos os quatro indivíduos ameaçados serão preservados.
- Serão plantadas no novo Jardim de Alah, mais de 300 NOVAS ÁRVORES adultas de médio e grande porte, entre elas indivíduos das seguintes espécies: Palmito-Juçara, Sucupira, Pau-Brasil, Sibipiruna, Jatobá, Pau-Ferro, Jerivá, entre outras, todas nativas de mata atlântica e adaptadas ao local que serão responsáveis por importantes funções ecossistêmicas.
- Calculamos a redução da temperatura do parque de 2 a 5 graus centígrados vis-a-vis a atual, devido justamente ao aumento das espécies arbóreas, do aumento do sombreamento, da eliminação das ilhas de calor produzidas pelos estacionamentos de superfície e da supressão de 9.000 metros quadrados de asfalto.
- A supressão é necessária porque, para garantir a revitalização do parque é necessária a construção de novos equipamentos como banheiros públicos, creche, comércio, cabines de segurança, ginásio para atender às iniciativas de sporte da Cruzada São Sebastião. Se somarmos toda a área construída, o total é de aproximadamente 18% de toda a área do parque, uma taxa de ocupação baixíssima! Portanto, nos outros 82% as árvores não serão mexidas e o terreno segue drenante."