ONG quer reinstalar placar da violência em Copacabana

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Carlos Braga, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Durou 14 horas e 30 minutos o intervalo entre a instalação do Placar da Violência, feito pela ONG Rio de Paz, e sua retirada, por funcionários da Comlurb e agentes da Guarda Municipal, por volta das 18h de sábado. A subprefeitura diz que não deu a autorização para que o painel fosse posto na Praia de Copacabana, na altura da Avenida Princesa Isabel. O presidente da ONG, Antônio Carlos Costa, diz que encaminhou a solicitação e chegou a receber a permissão por telefone de uma funcionária da subprefeitura, da qual não soube dizer o nome. No painel havia informações sobre o número de vítimas da violência e de desaparecidos no estado do Rio de janeiro de 2007 a maio deste ano (homicídio doloso, 14.609; auto de resistência, 2.921; latrocínio, 530; policiais mortos em serviço, 77; feridos, 181.062; desaparecidos, 11.990).

A nossa idéia era a de que o painel ficasse naquele local por uma semana. Depois disso, entraríamos com um novo pedido explicou Antônio Carlos Costa. Desta vez, para instalarmos no mesmo lugar uma obra de arte, que será feita por um artista plástico brasileiro muito conhecido. Ele não nos mostrou ainda, por isso não sabemos como é. Vamos entrar com o pedido, mas se a prefeitura vetar, vamos acatar. Queremos instalar esses placares em toda a região metropolitana, tantos quanto pudermos. Estes números têm que estar diante dos nossos olhos todos os dias.

Em nota enviada por e-mail, o subprefeito da Zona Sul, Bruno Ramos, disse que a prefeitura vai reprimir qualquer tipo de publicidade não autorizada.

Fiscais da subprefeitura da Zona Sul retiraram, na tarde de sábado, o painel instalado irregularmente pela ONG Rio de Paz na Praia de Copacabana. O subprefeito Bruno Ramos reitera apoio ao direito, estabelecido pela Constituição brasileira, à livre manifestação. No entanto, qualquer publicidade irregular, em qualquer lugar da cidade, como determinação do prefeito, desde o primeiro dia do seu mandato, será alvo das ações de ordenamento urbano das subprefeituras e da secretaria da Ordem Pública (Seop) .

O presidente da Rio de Paz conta que resolveram montar o painel, mesmo sem a autorização da prefeitura, o que começou a ser feito à 0h de sábado.

Explicou que a decisão baseou-se na crença dos membros da ONG na liberdade de expressão. Embora tenha feito a ressalva de que também haviam determinado fazer a retirada do artefato no mesmo dia por conta da negativa da subprefeitura. Disse que haviam alugado um caminhão para a fazer o trabalho, mas a Comlurb e a Guarda Municipal chegou antes.

Uma pessoa da subprefeitura disse que um painel como o nosso prejudicaria o turismo. Eu aleguei que a idéia não era prejudicar o turismo, mas, sim, o contrário: atacar o mal que mais o prejudica.