Alfredo Lopes: Seis grupos hoteleiros querem se instalar
João Pequeno, Jornal do Brasil
RIO - Presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, seção Rio de Janeiro (Abih-RJ), Alfredo Lopes, afirma, em entrevista ao JB, que o entendimento entre esferas de governo pode tirar do papel a revitalização da Zona Portuária e que ela será uma área fértil para aumentar a rede de hotéis para a Copa do Mundo de 2014 e, possivelmente, a Olimpíada de 2016.
Que importância a Abih-RJ atribui à revitalização da Zona Portuária do Rio de Janeiro?
Sinto muito entusiasmo em ver, pela primeira vez, os governos federal, estadual e municipal no mesmo rumo. A revitalização da Zona Portuária representará a retomada de um plano pensado há décadas, mas nunca realizado. É um esqueleto que sai do armário. Puerto Madero, na Argentina, é um verdadeiro show, uma atração turística importantíssima para Buenos Aires. Sem dúvida, o processo de revitalização no Rio implicará na necessidade da ampliação do número de leitos disponíveis na região.
As autoridades dos três níveis de governo estão engajadas nesse tema?
O Rio de Janeiro sofreu traumas difíceis de superar ao deixar de ser a capital federal. A convergência inédita entre as esferas de governo é muito interessante. Espero que dure após as eleições de 2010. A Zona Portuária do Rio dispõe de condições extraordinárias para implementação de grandes projetos, já que conta com infraestrutura pronta de rede elétrica, gás e esgoto sanitário, estando numa posição privilegiada a minutos do centro da cidade. Da parte da prefeitura há clara sinalização de que será autorizada a construção de hotéis de 30, 40 andares. Os hotéis da Zona Portuária terão um perfil misto: corporativo, incluindo salas de conferência; e turístico, atendendo aos cruzeiros marítimos.
Já há projetos em estudo?
A Abih já realizou estudos da região e tem se empenhado em atrair grandes cadeias hoteleiras internacionais. Seis grandes grupos já manifestaram interesse em se instalar na nova Zona Portuária.
Quanto tempo levaria para que a Zona Portuária pudesse ser plenamente utilizada pela população?
Acredito que, em um cronograma mínimo de três anos, teremos resultados interessantes. Há modificações urbanas que precisam ser implementadas, dentre elas a retirada da Perimetral.
Que equipamentos urbanos e instituições (hotéis, parques, restaurantes, museus etc.) o senhor entende que são fundamentais para a plena vitalidade daquela área?
Em primeiro lugar, a implantação de um grande centro gastronômico. Um museu de nível internacional também será importante.
Como o senhor avalia a relação entre oferta e demanda de espaços hoteleiros no Rio?
O Rio tem uma das melhores taxas médias de ocupação do Brasil, 64%. A cada ano, pelo menos mil novos leitos são criados. Ambas as taxas podem melhorar bastante se for estabelecido um calendário permanente de eventos.
Já se disse que a indústria turística e de hotéis é a que mais empregos gera. Como o senhor vê o impacto que a Copa do Mundo de 2014 e as Olímpiadas de 2016 gerariam para a oferta de empregos qualificados na cidade?
A participação do Rio na Copa é um capítulo importante dentro de um todo, que acontece em várias cidades do Brasil. As Olimpíadas, sim, representariam uma efetiva recuperação das perdas do passado. Pelo menos 40 mil empregos diretos seriam criados na cadeia produtiva do setor turístico. A cidade tem grandes chances de vencer.