Protesto contra os bondes reformados

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Caio de Menezes, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Apoiados no que diz o vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea RJ), alguns moradores de Santa Teresa (Região Central), reuniram-se nesta quinta-feira no Largo dos Guimarães para um protesto contra a circulação dos três bondes modernizados pelas trilhos do bairro. Eles pediram a quem for se divertir nos blocos de Carnaval do bairo não ande nos novos veículos.

De acordo com Luiz Antonio Cosenza, vice-presidente do Crea RJ, depois de uma análise feita pela Comissão de Prevenção a Acidentes do órgão, foi elaborado um relatório que critica o sistema de freios dos bondes de números 6, 7 e 8.

Entendo que o bonde ainda não é seguro. Alguns componentes que fazem parte do sistema de frenagem foram instalados em uma caixa de fibra externa, inadequada. A eficácia dos freios pode ser comprometida caso algum evento externo atinja a caixa. Como no caso do ano passado, quando um táxi chocou-se com essa caixa, impedindo o funcionamento do freio. Uma passageira morreu no acidente exemplificou Cosenza, referindo-se à morte da professora Andréa de Jesus Rezende, de 29 anos, ocorrida em 16 de agosto último.

Um dos diretores da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), o alemão Joerg Mertens, há quase 40 anos no bairro, afirmou que a manifestação pretendia avisar as autoridades sobre o problema .

A intenção é chamar a atenção dos responsáveis, para que depois não venham dizer que ocorreu uma fatalidade. Funcionando desta forma, os bondes de número 6, 7 e 8, que foram modernizados, são uma tragédia anunciada. A nossa grande questão é saber se vão se responsabilizar por um possível acidente questionou.

Moradora de Santa Teresa há seis anos, Elzbieta Mitkiewcz disse que é uma experiência assustadora , andar nos bondes modernizados:

Andei uma vez para nunca mais. Você tem que se segurar firme, sob o risco de ser arremessado à rua. Nas curvas, os bondes modificados passam a sensação que vão descarrilar. São extremamente instáveis e andam em velocidade, a meu ver, exageradas, sem combinar com as características do bairro, que é bucólico e tranquilo.

Secretaria rebate

A Secretaria estadual de Transportes informou em nota que o sistema de frenagem utilizado nos bondes é o mesmo aplicado nas ferrovias de todo o mundo. A tecnologia de ponta é mundialmente conhecida como KBR, que garante travamento automático em situações consideradas emergenciais. Todos os novos carros possuem freios de emergência, que são acionados automaticamente travando as rodas. Recurso que também não havia nos bondes antigos. Além disso, os novos veículos atendem a todas as normas impostas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas .

Sobre os veículos tradicionais que ainda estão em funcionamento a pasta informou que por se tratar de tecnologia ainda do século 19, passam por ajustes técnicos com frequência diária, já que o mercado não dispõe mais de peças apropriadas para este gênero de transporte .