Uerj decide manter greve por tempo indeterminado 

Professores consideram insuficiente o acordo verbal já firmado 

Por Renan de Almeida

Os profissionais em greve da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) decidiram manter a paralisação por tempo indeterminado em uma assembleia geral realizada nesta quarta-feira(22). Os professores consideraram insuficiente o acordo verbal proposto na terça-feira pelo líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado André Corrêa.

No encontro de terça, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Corrêa afirmou que caso a paralisação fosse encerrada, atenderia ao pedido de implantação do regime de Dedicação Exclusiva (DE) na universidade - principal reivindicação dos docentes.  De acordo com o presidente da Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Asduerj), Guilherme Mota, a negativa ocorreu porque o governo fez uma promessa sem ao menos apresentar o conteúdo do que será oferecido.

“Eles propuseram que a Dedicação Exclusiva chegaria em uma semana caso a greve fosse encerrada. Mas foi um compromisso de boca, não existe qualquer documento”

Os grevistas se mostraram insatisfeitos com a promessa feita pelo interlocutor do governo. O receio é de que a proposta pudesse terminar em ‘mais uma promessa que não se concretize’.

“Considerando que o governo promete desde o ano passado e como não foi revelado o teor da proposta, era possível que a greve terminasse e as condições se mantivessem como hoje”, avalia.

De acordo com os docentes, o governo tem se mostrado intransigente ao se recusar em negociar com os técnicos e estudantes, ambos em greve. Corrêa afirmou que no momento nada pode ser feito para atender aos estudantes. Outro foco de reclamação são as condições de trabalho na universidade, principalmente para os professores substitutos. Mota informa que cerca de 900 profissionais contratados trabalham recebendo salários de R$ 320 para uma jornada de 4 horas semanais.

A Assembleia decidiu ainda pela criação de um fundo de solidariedade para ajudar os profissionais que, segundo eles, estão sendo ameaçados pela reitoria de não terem seus contratos renovados caso continuem apoiando a paralisação.  

Diferente dos servidores federais que têm até o dia 31 de agosto para negociarem -  data limite para o governo federal encaminhar o Projeto de Lei do Orçamento ao Congresso Nacional - a paralisação na Uerj segue por tempo indeterminado.

Os grevistas cobram melhores condições de trabalho, reajuste salarial de 22% e ainda regime de dedicação exclusiva. Os alunos, por sua vez,  buscam aumento da bolsa-auxílio, além de novos restaurantes universitários.

Nesta quinta-feira, às 16h, os estudantes da Uerj realizaram ato na Avenida Radial Oeste, quando fecharam três faixas da São Francisco Xavier. Eles pedem aumento da bolsa-auxilio para cotistas e estagiários,  abertura de novos restaurantes universitários e ampliação do bandejão no campus do Maracanã.

Contramão 

Um grupo minoritário de professores contrários à greve se organiza paralelamente dentro da Uerj. Um professor ligado ao movimento informou que este grupo não participa das assembleias movidas pelo Asduerj e que realiza seus próprios encontros. Na semana passada, eles organizaram uma assembleia na capela da universidade que reuniu cerca de 100 pessoas. Em sua maioria, o grupo é formado por professores das áreas de direito e saúde, e teria nomeado o reitor como porta voz do movimento.

“É um grupo forte politicamente. Foi responsável por reeleger a gestão atual da Uerj e nomearam o reitor como porta voz do movimento”, disse, em off, um professor.