Alunos do ensino médio serão deputados por uma semana no Rio
Com inscrição recorde de mais de 500 candidatos, o 9º Parlamento Juvenil, projeto da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), vai proporcionar a 88 adolescentes a experiência de atuar como deputado por uma semana. Com idades entre 14 e 17 anos e cursando o 1º e 2º ano do ensino médio, os jovens vão discutir assuntos de interesse da população, formando comissões, debatendo projetos de lei e votando as matérias no plenário da Casa.
O presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB), disse que o Parlamento Juvenil mostra o espírito transformador do jovem, que “tem na sua alma a vontade mudar as coisas”. “Tenho certeza que será um sucesso, que surgirão ideias muito bacanas nessas moças e rapazes que vão exercitar a democracia. Eles vão aprender a resolver os problemas, não através da imposição, da intransigência, mas através do diálogo.”
Para o coordenador do evento, deputado Wanderson Nogueira (PSB), o Parlamento Juvenil é um dos projetos mais importantes na política pública voltada para a juventude. “O mais bacana é a diversidade porque, diferente do parlamento convencional, nós temos uma grande quantidade de mulheres [40 entre os 88] e uma grande quantidade de negros, o que demonstra que a juventude está empenhada em demonstrar que este país tem uma chance de mudança. E essa mudança passa diretamente pela juventude”, afirmou.
O programa deste ano contou com a inscrição de 515 candidatos aptos a serem eleitos, o que representa um recorde para o projeto. Passando da fase de mobilização e inscrição, os eleitos tiveram uma etapa de capacitação para poder elaborar um projeto de lei, que será apresentado e defendido durante esta semana. Os três projetos mais bem votados podem ser transformados em lei.
A parlamentar juvenil de São Fidélis, no norte fluminense, Victória Araújo de Castro, de 17 anos, da Escola Estadual de São Fidélis, é autora de um projeto que quer reduzir os gastos da Alerj. A proposta pede a diminuição de 30% dos salários dos deputados estaduais, que é, atualmente, de R$ 25.322,25; o fim de mais da metade (70%) de vantagens e benefícios; e redução, pela metade, da quantidade de assessores por deputado, passando dos atuais 20 assessores para dez.
“Eu acho que esse projeto pode ser colocado em prática porque o país passa por uma recessão muito grande e os salários têm sido reduzidos. Então, em um país com um salário mínimo de pouco mais de R$ 700 é, no mínimo, irracional que os nossos deputados recebam R$ 25 mil. Se passar, acho que vai mudar de verdade o nosso cenário.”
Já a parlamentar juvenil de São José do Vale do Rio Preto, na região serrana, Lavínia Muniz, de 16 anos, do Colégio Estadual Coronel João Limongi, teve de passar por uma experiência ruim para propor uma mudança nas escolas do estado. Há alguns anos, uma colega de classe sofreu um ataque epilético e acabou morrendo na escola. Segundo ela, isso poderia ter sido evitado caso alguém estivesse capacitado no momento para atendê-la de imediato.
“O meu projeto de lei é baseado na criação de um pronto-socorro nas escolas e nele seriam implantadas aulas extras curriculares para os alunos interessados. Não seria algo para entrar no horário da grade escolar, seria opcional para a formação”, afirmou.
Para melhorar o transporte público, o parlamentar juvenil do Rio de Janeiro, Nathan de Souza Raimundo, de 16 anos, do Colégio Maria Werneck de Castro, em Irajá, na zona norte do Rio, quer mudar o sistema do vale-transporte em cartão para a biometria digital. “A ideia é mudar do Rio Card para a biometria digital porque, infelizmente, ocorrem muitas fraudes [na utilização do serviço]. Muitas pessoas emprestam o cartão a outros quando, na verdade, ele é destinado para o uso próprio.”