Empresas de limpeza oferecem 5 mil vagas para deficientes

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Após a realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a cidade se prepara agora para receber os atletas dos Jogos Paralímpicos, que ocorrem entre os dias 7 e 18 de setembro. O evento, que promete demonstrações de superação dos atletas nos centros esportivos, servirá também para lembrar os desafios que persistem para as pessoas com deficiência no momento de buscar emprego: problemas de locomoção nas ruas e preconceito são apenas alguns. Por outro lado, as empresas tentam cumprir a Lei de Cotas, no entanto, encontram além dessas, diversas outras barreiras - sobretudo as que prestam serviços nas áreas de limpeza e segurança privada.

Segundo o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Rio de Janeiro (Seac-RJ) atualmente há mais de 5 mil vagas disponíveis para deficientes que não conseguem ser preenchidas no estado. Uma das razões é a dificuldade de alocar estes profissionais nos clientes.

"O agravante para o nosso setor é que as empresas prestam serviços em diferentes espaços, e não temos o controle sobre as normas e procedimentos para a contratação de deficientes. Além disso, nem sempre o cliente está preparado para receber um profissional com deficiência, pois é preciso ter infraestrutura adaptada, e acabamos não conseguindo alocar. Como solução, as empresas tentam absorver em suas áreas administrativas, mas como são poucas vagas, não conseguem cumprir a cota", afirma o presidente do Seac-RJ, Ricardo Garcia.

Inclusão - O preconceito por parte dos colegas de trabalho, problemas de locomoção nas ruas e calçadas, falta de transporte adaptado e até de infraestrutura específica no próprio ambiente de trabalho, com rampas e portas mais largas, tornam o dia a dia desses trabalhadores uma verdadeira olimpíada a ser vencida cada vez que saem de casa.

Para Garcia, todos esses entraves colocam à prova as exigências da Lei de Cotas (8.213/91), que determina às empresas com 100 ou mais funcionários a inclusão de 2% a 5% de pessoas com deficiência ou beneficiário reabilitado no quadro de efetivos. Quando as empresas não atingem a cota, são punidas com multa.

"O governo, através do Ministério Público e do Trabalho, não pode sobrecarregar mais as empresas, que já atravessam esta grave crise econômica que vive o país, com mais esta imposição, sem que haja qualquer política pública de inclusão social do deficiente físico. É preciso que o governo também cumpra com o seu papel social", critica Garcia.

Poucos candidatos - Há cerca de um ano, o Seac-RJ realiza campanhas de mobilização e parcerias com empresas especializadas na inserção de deficientes para facilitar a contratação no setor. No entanto, as empresas ainda se deparam com outro problema: a oferta continua a ser maior do que a demanda.

"O setor de asseio e conservação tem dificuldade para atrair este tipo de mão de obra. O salário médio de aproximadamente R$ 1000,00 não é competitivo, se compararmos com o valor do benefício da previdência, em torno de R$ 900,00. Não é vantajoso para essas pessoas saírem de casa tendo que enfrentar todos os obstáculos para chegar ao trabalho e, ao final, ganhar quase o mesmo valor", observa.

Como se candidatar - No dia 17 de setembro, Dia Mundial de Limpeza das Praias e Rios, a Praia de Copacabana receberá a 9ª Ação Nacional Febrac – Limpeza Ambiental, uma iniciativa das empresas associadas ao Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Rio de Janeiro (Seac-RJ) que neste ano é parceira do Clean Up the World.

Durante o evento, será realizado o Ato de Cidadania, onde serão oferecidas vagas de trabalho para pessoas com deficiência e beneficiários reabilitados que tenham cumprido o Programa de Reabilitação Profissional pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). As vagas são para atuar em serviços de limpeza, recepção, portaria e administração.

Além do evento, os interessados podem também enviar currículos informando a vaga desejada para seacrj@seac-rj.com.br.

No Brasil, 6,2% da população têm alguma deficiência, segundo dados do IBGE de 2015. Mais de 352 mil desta população já estão no mercado de trabalho em todos os estados do país, de acordo com os dados da Rais 2013 e Caged 2014. De acordo com o Decreto 3.298/1999, é considerado deficiente todo indivíduo que apresente a perda ou anormalidade de uma estrutura, função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gere a incapacidade de desempenhar atividades dentro do padrão considerado normal para o ser humano.