Um ano com o papa Francisco

Por Célio Pezza *

No ano passado, em 13 de março de 2013, o cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito o novo papa, assumindo o nome de Francisco. Ele substituiu o papa Bento XVI, que renunciou em 28 de fevereiro de 2013, em meio a uma crise financeira e moral no seio do Vaticano. Na época foi muito comentado que um dos motivos da sua renúncia estava relacionado às ameaças recebidas da cúpula do Vaticano e, com sua renncia, ele desarmou o grupo contrário.

O papa Francisco, desde o início, começou a romper com as antigas tradições da Santa Sé, recusando-se a morar no isolado Palácio do Vaticano e indo para a residência de Santa Marta, um verdadeiro hotel dentro do mesmo Vaticano. Ao longo deste primeiro ano de papado, Francisco deu início a uma profunda reforma contra a pompa, ritualismo e ostentação da Igreja Católica, além de mexer em assuntos nunca antes questionados, como uma aproximação com o islã.

Bento XVI teve o mérito de expor o problema dos padres pedófilos, mas Francisco foi além e emitiu instruções claras de que em seu pontificado não haverá lugar para os infratores de batina, que não mais terão o acobertamento do Vaticano. Francisco pegou uma instituição cheia de corrupção e proteção a privilegiados, não muito diferente de grandes empresas capitalistas sedentas por poder e capazes de tudo para mantê-lo. Ele foi em frente, e está mostrando ao mundo que esse ciclo de decadência moral pode mudar para melhor.

Recentemente, fez um apelo para não permanecermos indiferentes diante das guerras que assolam nosso mundo. Recordou que, na antiga história bíblica, todos ficaram escandalizados quando Caim matou seu irmão Abel, mas, hoje, nos acostumamos com milhões de mortes entre irmãos. Pediu para pensarmos nos dois lados de uma guerra: nas crianças nos campos de refugiados e nas festas e vida confortável dos fabricantes e comerciantes de armas. Ele conclui sua meditação sobre a paz com uma invocação para não aceitarmos mais as notícias de guerras. Também disse ao mundo que todos os engajados em boas ações merecem o céu e vão desfrutar da salvação, independentemente de sua religião ou mesmo se creem em Deus.

Homens de qualquer religião ou mesmo ateus merecem a salvação, desde que realizem boas ações, pois fazer o bem é o que importa.  Essa é a verdadeira busca da paz. O Vaticano que vive na Idade Média já saiu contradizendo o próprio papa, afirmando que os ateus vão para o inferno. Estes não sabem que um inferno não se transforma em um local celestial só porque tem suas paredes pintadas de anjos. Vida longa ao papa Francisco e sucesso nessa sua jornada de combate à ignorância e exaltação da cultura do bem e da paz.

*Célio Pezza, escritor, é autor de diversos livros, entre eles 'As sete portas', 'A palavra perdida' e, o mais recente, 'A nova Terra - Recomeço'. - www.facebook.com/celio.pezza