O Lázaro da política
Muita gente sabe que de santo o senador Aécio Neves de nada dispunha. Até mesmo o pôr do sol na praia do Leblon, a sua preferida, negava-se a emprestar-lhe a luz dos imaculados.
Mas eis que, extraordinariamente, nesta sexta-feira, vendo-se diante do derretimento de seu aliado Eduardo Cunha, na cavalgada alucinada pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, transforma-se numa santidade.
Como pudesse operar um milagre, recomenda ao parceiro Cunha que deixe o cargo. Em benefício do Congresso? Em favor do Brasil? Pela estabilidade politica? Não, nada disso.
O conselho de Aécio objetiva que Cunha, com o afastamento, mantenha a própria cabeça sobre o pescoço.
É como se dissesse ao presidente da Câmara. "Sai, levanta-te e anda"
Aécio virou o São Lázaro de Minas.
*Psicólogo e escritor