Especialistas criticam atuação da mídia na tragédia de Realengo
Cobertura explorou dramas familiares e deixou o compromisso com a verdade em segundo plano
Na manhã do último dia 8, os jornais do país estamparam em suas manchetes a chacina de Realengo. Mais de uma semana depois, o caso ainda repercute em quase todos os meios de comunicação nacionais. Para especialistas, no entanto, a cobertura sensacionalista e a velocidade de circulação de informações na internet – muitas vezes falsas e sem checagem – podem fazer nascer novos assassinos como o atirador que invadiu a escola Tasso da Silveira e lá deixou 12 crianças mortas.
– O próprio atirador buscou inspiração na internet, em casos antigos – confirma Célio Campos, professor de mídia impressa e eletrônica da PUC-Rio. – A imprensa deve divulgar, sim mas, desse jeito, um indivíduo doente, carente, pode achar que a repercussão é estimulante.
A cobertura sem cuidados de parte da imprensa também fere os direitos das crianças, segundo Joaquim Welley Martins, advogado e professor de legislação e ética no jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
– A divulgação dos nomes e os depoimentos das crianças foram explorados excessivamente, o que, por sinal, é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – afirma Joaquim, lembrando que entrevistas com menores de idade devem ser autorizadas pelos responsáveis. – O fato aconteceu, o fato foi noticiado. Continuar explorando os dramas familiares é apenas estratégia para vender jornal, uma postura antiética.
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